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23/11/2018


Quando você sentir que o mundo desistiu de você, pare e observe....talvez você mesmo tenha desistido muito antes!
Recupere seu mundo!

Rose Kareemi Ponce

A cor dar...

Manhãs são telas em branco que ganhamos do universo para desenharmos um lindo quadro.
Escolha as cores mais alegres, os traços mais bonitos.. faça flores pelo caminho para perfumar o dia, espalhe gramas sob os pés para nao perder a conexão com o sagrado...
Ah! Caminhe descalço!
Espalhe sorrisos por todos os cantos.
Desenhe cifras para os passarinhos cantarem uma linda canção de paz!
Desenhe asas....uma hora sairá do chão e viverá sonhos!
Faça árvores frondosas para ter sombras. Abrace as árvores e lembre-se sempre da força que elas emanam e compartilham.
Desenhe um arco íris, mas não se esqueça do pote de ouro no fim dele...haverá um duende pra entregar a mais pura felicidade em moedas que nada compram, apenas lembram valores diários que precisam ser resguardados.
Faça pegadas coloridas por todos os lados para que sirva de exemplo para quem ainda caminhe na tristeza dos dias cinzas.
Escreva palavras no ar mas lembre-se sempre: "você é a construção de suas palavras", saiba quais deixar registradas!
Dance com as nuvens e ao final espalhe um por do sol avermelhado e termine com gotas azuis qual pirilampos. As estrelas são importantes, elas guiam a noite para um novo amanhecer e uma nova tela em branco para recomeçar!
Sempre!


Rose Kareemi Ponce




Que nossos olhos possam enxergar todas as dimensões de bençãos que nos chegam de presente todos os dias!
Já agradeceu a luz, hoje?

Rose Kareemi Ponce

20/11/2018

Se sentir cansado, esgotado é absolutamente natural e faz-se necessário ouvir a voz da alma quando ela te pede para parar, respirar para tomar fôlego para depois continuar a jornada.
O cansaço é termômetro para percebermos que nossas reservas energéticas estão chegando na linha vermelha. Aquela que nos avisa que o fim do reservatório está próximo e que o limite foi extrapolado. Nossa saúde emocional e física está em risco.
Precisamos ouvir esses avisos, que muitas vezes nos chegam por intuição para que não tenhamos de parar quando nosso trem está lotado e o freio é acionado por emergência. Toda carga que estava bem acomodada em todos os vagões, em equilíbrio, sai voando e cai sobre os ombros, fazendo estragos. Precisamos ouvir e aprender no amor.
Precisamos parar e nos colocarmos no colo. Nosso colo.
Porque nesse momento de cansaço pode esperar que a indignação vai bater forte também, porque as expectativas quanto a amizades, cuidado, família, atenção, etc., vão correr água abaixo. Uma das lições deste momento.
As pessoas não estão a sua disposição. Não mesmo. Elas estão vivendo seus próprios cansaços e indignações.
Elas também estão em busca de colo e choram suas dores. Sozinhas.
O universo umbigo com ligações em úteros cofres (que guardam dinheiro ao invés de valores), as fazem perder o contato humano...
Hoje procuram-se pessoas para desabafar suas dores, mas não procuram-se pessoas para ouvir suas mágoas e secar suas lágrimas.
As pessoas não querem ouvir. Apenas falar.
Ouvir e ter empatia nos torna co-responsáveis pela alma alheia. Ninguém quer isso mais.
Estamos tendo de caminhar sobre nossas pernas num deserto de almas vazias. Não há colaboração e cooperação. Há interesses.
Eu te escuto, mas há um preço incluso. O valor da amizade perdeu-se em meio o vil metal e as desculpas de falta de tempo.
Tempo...tempo... tempo....
Senhor maior de todas as coisas. À ele, o tempo, precisamos entregar nossas perguntas, lágrimas, dores e amores, para que ele, no seu tempo, nos entregue de volta os aprendizados e sabedorias...o Tempo!!!
Nossos elos estão enfraquecendo. E falamos da vida alheia com diploma e doutorado. Somos os juízes e doutores. Mas ao encararmos nossa própria história, temos o olhar e o comportamento de pré escola.
Para sairmos desse ciclo vicioso que se tornou a vida, precisamos tirar algumas pessoas do caminho como quem tira pedras, obstáculos. Porque sim, temos o direito. Não por maldade, mas para nos ligarmos a outras estrelas, histórias, vidas, corações e principalmente, nos ligarmos a quem tem por fundamento, valores, não preços.
E compreendendo a máxima: "quem crítica todos pra você, vai criticar você, para todos"!
Ter cansaço e indignação é natural, mas não é estacionamento de alma, é o ponto de partida para que o novo se apresente, trazendo novo fôlego e horizontes, permitindo que o sonho se refaça e o tecer de uma nova jornada se apresente. Aí é só pegar linha e agulha para bordar o novo quadro da vida, onde almas plenas de amor, compaixão e acolhimento estão caminhando de mãos dadas!

Rose Kareemi Ponce

Link do livro: Tekoha Porã
Com meus escritos


Quando escondemos a dor, falamos apenas em cansaço e tudo o que queremos é voltar para algum lugar que nem sabemos onde é realmente...e se existe.

Rose Kareemi Ponce


Só quem caminha do seu lado e tem a consciência de te ouvir sem julgamentos, saberá profundamente de suas dores e dificuldades. Além de seus sonhos e amores..
Isso é para poucos.
Isso é para muito poucos. São para os amigos verdadeiros.
Os que assim o fazem iluminam seu caminhar na noite escura e renascimento de tua alma!
Bom dia!

Rose Kareemi Ponce


Xamanismo não é uma religião, não da forma como as pessoas estão acostumadas. É a escolha de uma postura diante de um caminho e sim, isso nos conecta ao Divino, pois quanto mais nos libertamos das amarras dos dogmas, mais livres para sentirmos estamos, e sentir, nos faz enxergar tudo como sagrado e nos faz por escolha, não por medo de castigos, querer ser sempre uma boa pessoa.
Ser uma boa pessoa é: desejar, fazer e falar ao outro, tudo o que gostaríamos que desejassem, fizessem e falassem a nós mesmos, porém, nos mantemos na mesma estrada ainda que assim não fosse. Porque o caminho do xamanismo sempre nos faz olhar para dentro, ou seja, Eu tenho a responsabilidade de ser a melhor pessoa que eu puder. Ponto.
Xamanismo é um caminho.
A religiosidade nasce na caminhada. Na escolha de ser o rezo.
Na escolha de compartilhar o rezo!


Rose Kareemi Ponce

Imagem: 1 Encontro de Benzedeiras e Curandeiros de Minas Gerais - 2018

A mulher selvagem

Toda mulher que não se domesticou e mantém-se em harmonia com sua essência é uma mulher livre.
Livre das etiquetas que a sociedade lhe impõe.
Livre para correr pelas pradarias e florestas pisando descalça pelos terrenos que a ensina a conhecer sua jornada.
Percebe espinhos, perfumes e cores.
A mulher selvagem voa junto aos grandes gaviões aprendendo a observar a vida atentamente, rastreando como a onça os inimigos e os alimentos para que sua alma cumpra seus contratos. Vive a magia da sutileza ao felinamente se espreguiçar a beira rio, se encantando com sua própria figura delineada pelo sol e sombra, sabendo que são partes de si mesma.
A mulher selvagem tem nos olhos os ensinamentos da coruja, que aprende ao observar a noite escura sem medo e é senhora absoluta de si.
A mulher selvagem tem a força dos grandes mamíferos, que pisam firme sobre a terra.
Ela é também a dançarina da noite e uiva, qual loba espreitando a lua.
A mulher selvagem vibra com as ervas que encontra e se cobre de proteção e rezos.
A mulher selvagem não guerreia pois tem a certeza de que tudo acontece na colaboração de todos os seres.
A mulher selvagem rola feito felina que é no orvalho que repousa nas folhas, e faz disso sua medicina.
A mulher selvagem solta os cabelos e neles guarda as memórias dos dias já vividos mantendo assim sua força.
A mulher selvagem quando necessário, trança os mesmos cabelos prendendo a tristeza e no alto da colina os solta, pedindo ao vento que leve embora ao mais longínquo tempo, deixando apenas as lições aprendidas.
A mulher selvagem não é de todo brava nem de todo calma. É a exata medida do que pede sua alma desperta. Se precisar rugir, vai rugir. Uivar, vai fazê-lo, e saberá docemente cantar como os sabiás laranjeira nas primaveras floridas. A mulher selvagem se multiplica em muitos assim a jamais perder-se de quem é.
A mulher selvagem pinta a face e dança na fogueira...entrega ao sagrado fogo o que precisa transmutar, e não se sente vazia com isso. A plenitude a chama a cada respiração.
A mulher selvagem é a exata medida do desvario. Sem medo ou culpa por sua inconstância...feita de fases, sabe-se um ser não linear, e se honra por isso.
A mulher selvagem olha de frente, e quem sustenta seu olhar encontra constelações de amor dançando em sua íris. Ou se entrega, ou foge com medo de sua intensidade.
A mulher selvagem dança com lobos e caça com as onças, nada com os botos, voa com os gaviões e condores, hiberna com os ursos, brinca com os beija flores, serpenteia sua veste e se esconde por entre as folhagens...a mulher selvagem é tudo o que ela se permite ser.
A mulher selvagem aprende e compartilha o que sabe, fortalecendo as companheiras de jornada.
A mulher selvagem encontra seu lugar de poder e ali faz morada, mas não constrói muros, eleva pontes. Se faz elo.
A mulher selvagem apenas É, sem nada precisar provar.
A mulher selvagem tem um pouco de Isis, de Madalena, de Maria, de Iara, de Jurema....e nessa mistura encontra muito dela mesma!!

Rose Kareemi Ponce

15/11/2018



Somos engolidos diariamente e não nos damos conta disso. Seguimos tão no automático que, só despertamos quando algo quebra. Nos pára. Na marra.
Somos engolidos pela raiva alheia. Pela necessidade de ter razão. Somos engolidos cada vez que atendemos o chamado de alguém que nos diz o que sentir e como sentir, o que falar e como falar.
Eu pessoalmente senti isso profundamente apenas quando literalmente quebrei. Meu tornozelo foi a vítima e meu sinal.
Pare!
Observe atentamente o que tem feito e com quem. Porque atender as expectativas alheias?
Porque precisa ter opiniões sobre todas as coisas e, ainda que as tenha, qual o real motivo para expo-las?
Porque?
Porque ouvir as pessoas quando dizem que você está certa ou errada?
Porque ouvir quando elas te dizem que gostam de você assim ou assado?
Porque ouvir quando elas dizem que você é melhor no perfil esquerdo ou direito?
Ouvimos e o pior, atendemos porque ainda não estamos satisfeitos com nossa real imagem e porque queremos ser aceitos. Não como somos, mas ser aceitos, de qualquer forma.
Porque nos permitimos ser preenchidos com a indignação alheia?
Esses últimos meses foram exemplo clássico disso na minha vida.
Ouvi muitas coisas como essas: linda, feia, raivosa, etc...etc...etc...
Ouvi que mulher não deve ser assim ou assado...
Ouvi que uma Benzedeira pode ou não pode.
Ouvi tanto, que me afastei de mim mesma.
Porque temos de dar  palpites na vida e no comportamento alheio?
Porque temos de moldar o outro a nossa imagem e semelhança?
Quanto ouvi de pessoas queridas que eu devia mudar ou que eu era mara....que eu era ou não era, isso ou aquilo.
E quanto eu mesma fiz isso com outros.
Como posso caminhar no amor incondicional se condiciono o outro a ser o que ele não é apenas para caber nas minhas limitações?
Quando me permito expandir, deixo de olhar o outro como espelho ou modelo, porque fico satisfeita comigo mesma. Paro de encher o saco e apenas me observo dentro de um universo de possibilidades e as escolho segundo meu próprio EU.
Damos pitaco em tudo.
Mexemos no caldeirão do próximo.
Ditamos regras e vomitamos insatisfações.
Olhamos o externo o tempo todo e esquecemos de nos organizar por dentro. O amor dentro está fora de ordem.
O silêncio do não manifestar opinião, da não razão, da não lucidez é proveitoso, ensina, acrescenta e engrandece.
A observação das estradas percorridas, das pegadas, como rastreadores nos faz maiores do que o olhar curioso sobre a vida dos passantes. Só aprendemos realmente quando olhamos para dentro... Temos grilos falantes suficientes para ainda querermos dar conta dos grilos das mentes dos outros....
Quando voltamos para nós mesmos percebemos que sim, temos direito ao grito, ao palavrão, ao silêncio, ao não, temos direitos que vamos nos negando por medo da não aceitação do outro. FODA-SE.
Apenas nós compreendemos nossos sentimentos e sabemos a hora que precisamos gritar.
Apenas nós sabemos quando nosso copo enche e é necessário esvaziar.
Porque precisamos ainda hoje sermos as "damas" sem expressão ou vontade, sendo apenas o que os outros desejam de nossas ações e reações?
Porque não podemos apenas chutar o pau da barraca e mandar as favas tudo o que nos incomoda?
Ainda seguimos modelos e cobramos modelos alheios.
Queremos liberdade, mas só cobramos. Dos outros e de nós.
Acho que a maturidade nos faz soltar amarras. Mesmo que seja quebrando coisas.
    Ossos por exemplo.

Rose Kareemi Ponce

11/11/2018



As pessoas não têm medo de você.
Elas têm medo de suas asas!
Liberdade de ser, assusta os prisioneiros!

Rose Kareemi Ponce

10/11/2018




Ando cansada de como você reage com as coisas.
Cansada de você!
Preciso me curar dessa sua lucidez. Excessiva lucidez.
Você precisa de um toque de loucura, de insensatez.
Precisa mergulhar nua a noite. Mesmo que seja na piscina.
Você precisa soltar os cabelos. Deixá-los voar como seus sonhos.
Estou cansada da sua postura comedida. Do seu medo de gritar na cara do outro e mandar calar a boca. Parar de encher sua cabeça de palavras soltas.
Estou de saco cheio dessa sua mania de querer tudo perfeito. A perfeição existe somente em seus olhos.
Olha. Chega mais perto. Nem você é perfeita. Há imperfeições na vida. Elas nos ensinam a caminhar.
Para de pensar no mundo perfeito e querer ser a fada madrinha de todos. Consiga caminhar coerente com suas palavras e o mundo já estará livre de sua desarmonia.
Mais do que isso é puro ego querendo ser o que sequer imagina. Apenas tem um rascunho do que sonha ser. Desenhado em papel de pão.
Estou cansada de seu passo lento. Quero correr pelos campos e sentir o perfume de todas as flores. Você tem se permitido ser lenta demais. Eu quero a velocidade do tempo da vida.
Abra os braços e voe. Pule do abismo e permita-me ser livre.
Eu aqui rompo as correntes da certeza, da razão, do equilíbrio. Quero poder pisar em areia movediça e sair vitoriosa. Quero tentar.
Não vou me permitir ficar presa a imagem ou memória do que não sou mais.
Fique aí. Estática.
Fique.
Não tenha coragem.
Eu sigo.
Fique aí sentada olhando com esse frios olhos de quem não vive mais. Eu quero o gosto de fazer algo pela primeira vez. Me lambuzar no sorvete de chocolate ou na manga tirada do pé.
Fique aí em sua paranóia de manter a forma. Seja lá qual forma forma for a de seus sonhos, hoje você está quadrada. Eu quero ser circular para rodar por aí buscando aventuras. Rolar pelos solos de países e mundos que talvez nem existam. Só vou descobrir indo...rodando.
Fique aí sentada.
Alimentando fantasmas que saem arrastando correntes. Saem do seu coração e povoam sua casa. Durante toda a noite.
Eu vou dançar ao sol. Brilhar nos dias livres que ainda tenho nesta vida.
Libertar meu espírito das maldições que corroem a família, os olhos, o coração..
Fique.
Eu sigo o rio.
Despediu-se daqueles olhos.
E então, ela levantou-se de frente do espelho. Virou-se.
Seguiu!
Foi alí, ser feliz. E não volta...





Rose Kareemi Ponce

08/11/2018




Sou um pequeno grão de areia
Mas se olhar bem de perto
Me desmancho em outros milhões de partículas
Desço aos abismos, aos túmulos
Me misturo a outros grãos
Memórias de seres de luz e sombras
Subo ao céu e danço com anjos
Abraço os santos
Viajo pelo infinito dos tempos
Mergulho nas lembranças de amor dos poetas
Não tenho forma, apenas cor
Sou leve como as penas dos pássaros que observei em vida
Encontro estrelas e brilho com elas no firmamento
Sou como a gota de água que mergulha nos oceanos
Nado com os mais belos seres aquáticos
Canto com as baleias e golfinhos
Sou a pérola que se forma na ostra, moldada na dor
Desenho caminhos por onde passo
Sou o som dos cometas rasgando a escuridão
Deixando um rastro de outras poeiras
Espalhando no ar o amor que guardei
Sou um grão...me desmanchando em milhões de outros grãos
E cada micro partícula encerra em si
O segredo da vida
O milagre da existência..
Deus nasce e vive em mim....para poder
Se manifestar através de mim
Sou um grão....
Misterioso universo pulsante
Nas batidas do meu coração

Rose Kareemi Ponce

Aqui está uma conquista.
Caminhei por muitos caminhos e decidi por mim mesma publicar um livro. Já que as editoras não estão fazendo, nos cozinham em banho Maria, prometem e não cumprem. 
Aqui está meu presente para todos!
Breve, farei mais um apanhado para publicar!
Segue o link para compra no Clube dos Autores!
Gratidão e sejam bem vindos ao meu local sagrado!




Porque temos medo do silêncio?

Porque sofremos tanto com a solitude?

Ambas as perguntas tem apenas uma resposta: Porque temos medo de saber quem realmente somos.

Silêncio permite que nossa alma se comunique com nosso coração, trazendo aprendizados e crescimento espiritual, isso nos apavora profundamente.

Solitude nos traz o silêncio, conseqüentemente, estaremos nos conectando com nossa alma e coração.

Temos medo de crescer e assumir nosso “tamanho”. Temos medo porque somos ensinados o tempo todo sobre o ego, mas esquecem de nos dizer que ele além de nos fazer ver maiores do que somos, também nos faz menores, negando assim nosso tamanho e grandeza espiritual.

Temos medo de crescer e sair da nossa zona de conforto. Passamos a vida espremendo pedras para sanar nossa sede, mas não damos um passo sequer em direção ao rio. A correnteza nos assusta, porque nos ensina a fluir. Mostra-nos que não podemos ser contra ela, morreríamos afogados. Mas nos ensina que podemos usar todo sua potência a nosso favor, fazendo com que a correnteza nos leve, aos locais que precisamos ir. Fluir....na vida!

Temos medo da solitude porque somos ensinados que não podemos caminhar sós. Claro que a cooperação e a colaboração nos são absolutamente necessárias, porém saber caminhar sobre nossos próprios passos é o maior de todos os aprendizados. Solitude, não é solidão, é a capacidade de lidarmos com nós mesmos. Nosso silêncio, nossos barulhos, não depender emocionalmente de ninguém porque isso é uma forma de vampirização da energia do outro em benefício próprio, para tapar nossos buracos, medos, desejos.

Temos medo do silêncio, como temos medo do escuro. Há monstros dentro dele. Mas são nossos monstros e precisam ser encarados, acolhidos e colocados de volta em seus locais de origem, assim deixam de ser assustadores para simplesmente termos a consciência de que é parte de nós manifestada de forma inconsciente. Nossas sombras podem ser nossos maiores aliados, se conseguirmos olhar sem julgamento e dogmas para elas. Mesmo o medo, é um termômetro, mas jamais deve ser um agente paralisador porque pode nos ajudar a caminhar o caminho, com cautela e cuidado.

Quando começamos a olhar tudo isso de forma prática e tranqüila, buscando a harmonia, começamos a descobrir o véu que nos cega e então percebemos que a luz não guerreia, ela não briga, ela não quer controle, nem mesmo razão. A luz tem um único propósito: Ela ilumina. Pra isso ela avança sobre o medo não como quem vem dominá-lo, mas trazer-lhe calor de colo, assim ela passa por frestas, buracos, e chega onde tiver de chegar. Mas a luz jamais entra em combate. A luz é mensageira divina e só faz amar.

Quando entramos nessa senda, desse amor, em absoluto respeito e silêncio, porque o silêncio do cansaço das lutas se faz necessário, compreendemos que tanto a solitude, o silêncio e observação, são mestres para caminharmos efetivamente na jornada da Luz.

Saímos da roupagem de guerreiros, porque a luz não nos quer guerreando e a trocamos por peles nuas. Sem máscaras, adornos. Apenas Nós e a Luz. Apenas a Luz e Nós. Sem servos ou senhorios. Apenas aprendizes que estão realmente prontos, encontram seus professores que também são temporários, pois precisamos seguir o fluir do rio...e aprendemos o que precisamos para seguir jornada. Apenas isso.

O silêncio. A solitude.

Não querer mais ser guerreiro.

Entender que a luz não guerreia. Ela apenas É!

Quem guerreia, ainda caminha na penumbra!

Luz!

Sem medos.

Sendo quem viemos para ser. Sendo quem realmente somos.

Candeeiro de Luz na jornada de Todos!!

Rose Kareemi Ponce

(por gentilza, compartilhem no Facebook com os devidos créditos)

06/11/2018



Caminhamos neste aqui e agora, todos nós, buscando equilíbrio em nossos passos, porém o que não consideramos é que ao buscarmos o equilíbrio, estamos sempre apontando nossa bússola para a mudança.

Equilíbrio é o exato ponto onde nos encontramos entre o caos e a ordem. A fração de segundo antes de romper a imagem perfeita em pequenos fractais, nos desconstruindo.

O Equilíbrio não existe realmente. Porque quando essa imagem se forma, ela já se destrói para que possamos reconstruir sem os gatilhos que nos fazem buscar essa sensação de estarmos “equilibrados”, ou fora de perigo.

O que precisamos buscar dentro é o caminho da harmonia, substantivo feminino de origem grega que significa concordância, consonância, conciliação, concórdia. São esses sentimentos que devemos ter em nosso interior e nos guiar nos caminhos que vão se formando em nossa jornada, levando nossa alma aos aprendizados que ela necessita para a evolução. E isso é pessoal, portanto cada ser deve buscar o que traz harmonia para si e caminhar sob essa freqüência.

Quando o “Equilíbrio” chega, ou seja, quando conseguimos observar a vida como um quadro, tudo acontecendo muito parecido, ou repetindo padrões, estar atentos se faz necessário, pois é nesse ponto que acontece a fração, o rompimento e o que chamamos de caos ou, noite escura da alma. É nesse ponto que a mudança nos chama, pois já aprendemos com essa imagem, esse “quadro” e precisamos seguir, ou ficaremos presos em zona de conforto. O universo nos permite ficar nessa zona por tempo determinado, se não saímos por escolha, sairemos por determinação. No amor ou na dor...O mais interessante, é que sentimos quando estamos na zona de conforto e sentimos que precisamos parar, observar e mudar os passos, mas, a mente adora as zonas de conforto e nos faz querer ficar e ficar e é exatamente aí, que entramos na dor. Porque queremos controlar o incontrolável: o destino!

Para não sentirmos dor ao depararmos com o “fracionamento” da imagem perfeita, precisamos compreender que não podemos segurar o curso de um rio, mas, se ao contrário disso nos entregarmos a esse curso e usar toda energia dele a nosso favor e perceberemos que temos todo o poder do universo em nossas mãos e receberemos as ferramentas necessárias para nossa mudança. Porque ela vai acontecer quer a gente queira ou não.

Seguir o fluxo e ficar em harmonia.

Estar em harmonia faz nossa música fluir com a música do universo, ao invés de atrapalharmos a sinfonia da vida.

Estar em harmonia faz nossa freqüência vibrar junto à freqüência dos sons da natureza, e começamos a compreendê-la e nos comunicarmos com ela.

Estar em harmonia faz com que nossa caminhada seja puro aprendizado.

A harmonia perfeita nos faz seguir o rio e sua correnteza sem que nosso barco vire.

O equilíbrio faz que tenhamos controle e assim a correnteza não compreende nossa mensagem e nos derruba. Porque somente o rio pode controlar...nós apenas navegamos a vida. Em harmonia com ela e com sua música.

Harmonia!


Rose Kareemi Ponce

(por gentileza compartilhem no Facebook com os devidos créditos)

05/11/2018


Uma longa jornada de aprendizado



Caminhando pela mata, observando os arbustos, flores, cores e aromas, os mais diversos cantos de pássaros e animais caminhando em paz. Sofia percebe uma porta no meio de uma pedra, iluminada por uma luz alaranjada com o número 1 marcando a frente. Curiosamente abre a porta e se depara com uma senhora de longos cabelos brancos, brincos e colares de penas também em tons alaranjados, sentada em uma cadeira de palhas, escrevendo atenta ao papel sobre a mesa.

A senhora, pede para que ela se sente em frente a ela, serve um chá perfumado de alecrim e sorri. Sofia não entende nada, tem a sensação de já ser esperada nesse canto acolhedor em meio à mata. Uma casa dentro da pedra, uma lareira que tremulava o fogo e mantinha a casa aquecida e acolhedora. Pegou a xícara nas mãos e sentiu o perfume do alecrim misturado ao mel que acabara de colocar para adoçar o chá e sentiu uma doce sensação de paz.

Aqui, disse a anciã, esse mundo era o paraíso. Todos nessa grande casa chamada Terra, se respeitavam, havia equilíbrio ente os elementos. Nós ouvíamos as necessidades da Mãe, cuidávamos de todos os seus filhos, todos os seres. Entendíamos que tudo e todos estão conectados por fios da criação. Sabíamos o tempo das coisas, de arar a terra, de adubar, de semear, de esperar as sementes brotarem e cuidar de sua criação até o fruto, passando pelas flores.

Sabíamos o tempo do desapego, do cuidado, de ir e vir. Cuidávamos porque nos entendíamos irmãos.

Éramos pertencentes à Terra. Esse sentimento de pertencimento falta hoje aos seres desse planeta e por isso você foi chamada aqui, para que desperte esses conhecimentos dentro de você, eles já estão aí, basta relembrar suas células. Você precisa se lembrar, pois a partir de hoje, serás a guardiã dessa sabedoria e terá como responsabilidade, repassá-la às suas irmãs de jornada. Somente assim ela não se perderá.

Dizendo isso, terminou de escrever e entregou o papel para Sofia, que ao ler percebeu que ali estava escrito o que a anciã acabara de contar. Ao chegar ao fim do texto, o papel se desmanchou em suas mãos.

A senhora levantou-se rindo e disse para Sofia que continuava encantada com tudo o que estava acontecendo: Vou indo filha minha. Sigo viajem no tempo e abraçando a moça encantada, também se diluiu com a brisa suave que soprou na casa, ao mesmo tempo em que uma porta surgiu nos fundos. Essa tinha uma luz acinzentada acesa, iluminando o número 2.

Sofia abriu a porta e dentro havia outra caverna, sem animais ou plantas, mas tão aconchegante quanto à primeira “casa” que entrou.

Nela havia uma senhora vestida com longo vestido também em tom cinza que caminhava com uma vela nas mãos enquanto iluminava as paredes que tinham escritos em um idioma que ela não conhecia. A senhora parecia que rezava ao ler cada palavra ou frase que ali estavam escritas.

Chamou Sofia para perto e entregou-lhe a vela. “Vem filha, caminhe comigo. Abra seus olhos e leia a história da humanidade, da criação do infinito, perceba quantas verdades ditas aqui. Perceba a sutil diferença entre a verdade de cada ser, cada coração. As verdades filha soam muito pessoais e todas são verdades, ainda que para nós, sejam apenas distrações, por pensarmos diferentes. Respeitar todas as formas de verdade é conseguir alcançar o sagrado. É saber que ser imparcial ao ouvirmos a verdade alheia nos torna aprendizes dessa verdade, enquanto que ao darmos as costas ou entrarmos em embate, nos coloca como autoritários. A verdade não precisa de autoridade, precisa de corações.

Sermos tolerantes e respeitosos com a verdade do outro, nos torna grandes. Aprender isso nos auxilia no caminhar. Quando quiser saber da verdade do universo, encoste sua cabeça em uma pedra, abra seus olhos para o que ali está “escrito” pelo senhor do Tempo e conhecerás a Verdade.

Assim, ao terminar de explicar sobre a verdade, a anciã pegou a vela de volta das mãos de Sofia e disse: “Segue por aquele corredor filha, ali na frente encontrará outra porta, mas não se esqueça de ouvir sempre o coração, nele habita a Perfeição”.

Assim, apagou a vela e sumiu no escuro da caverna, deixando Sofia ali, parada, sentindo-se ao mesmo tempo confusa e em paz. Foi pelo corredor indicado pela anciã e a porta estava ali com uma luz marrom a ilumina o número 3. Ela abriu a porta e se viu entrando no tronco de uma grande árvore, uma casa cheia de musgo no chão, perfumada de orvalho. Sentada em uma poltrona na mesma cor marrom, de frente para a lareira, uma senhora cuidava de uma loba machucada. Havia tanto amor naquele gesto que Sofia se emocionou e sentou-se no chão próximo a senhora, que olhou amorosamente para ela dizendo: “O tempo das coisas precisam ser respeitados minha filha. Essa loba aqui está no fim de seus dias aqui e precisa de atenção e carinho, não consegue comer sozinha, precisa que eu dê alimento em sua boca. Mas, ela vai partir seguir viagem, nada posso fazer quanto a isso. Essa é aceitação da verdade da vida. É imutável, ainda que eu quisesse que ela ficasse mais tempo, a aceitação dessa verdade me permite não sofrer, mesmo que a dor aconteça. Aceitar nossas fortalezas e fraquezas, aceitar nosso tempo, não “brigar” com o inevitável. Isso faz com que nossa mente se expanda. Na aceitação, na compreensão, na compaixão, mora a sabedoria. Mas acima de tudo, ganhamos a compreensão que tudo é vida, cada semente que volta ao solo, é continuidade da vida acontecendo. Ela vai, mas deixa sua prole, sua vida está em continuidade. A vida é solo fértil filha. Terminando de falar, apontou para sua direita onde uma porta apareceu dessa vez em tom claro, meio bege que iluminava o número 4. Ela entrou e viu o que definiu em seu coração como “o próprio encantamento manifesto”. Era uma casa cheia de estrelas brilhando e no centro da casa uma anciã vestindo um manto na mesma cor bege estava sentada com um cachimbo nas mãos e convidou-a a sentar no chão, no tapete de palhas frente ao fogo. Deu o cachimbo em suas mãos e disse: Apenas uma vez puxe. Assim Sofia o fez e de repente deitou-se, pois um sono profundo sentiu. Viu-se fora do corpo, viajando entre as estrelas, mas, sentia-se perdida entre tantos brilhos, sentiu certo medo, não sabia o que fazer ou para onde ir. Ouviu uma voz mansa que tomava conta de todo “espaço” dizendo. Apenas confie. Sua confiança é o que fará você encontrar seu caminho. Ouça seu coração, sua intuição, saiba diferenciar o que é a mente, o que é a verdade se manifestando. Ouça no silêncio das estrelas a voz que te guiará na escuridão da noite. A lição do escuro é você aprender a confiar na intuição. Navegar pela noite sem confiar na intuição, é navegar cegamente. As sombras enganam somente seu coração te levará a próxima porta, a seguir jornada. Silencie Sofia. Silencie.

Assim Sofia parou, deixou a mente aquietar e olhando mais atenta para a imensidão que brilhava, percebeu que algumas estrelas brilhavam mais, como setas apontando um caminho. Foi caminhando, seguindo as estrelas quando se deparou com um portal, com uma intensa e negra luz como somente a noite sem estrelas e lua pode ser. A lâmpada negra que brilhava iluminava o número 5. Ela atravessou o portal e se deparou com o mais profundo silêncio que já conhecera. Ali mergulha nesse vácuo absoluto, sentiu o peito apertar, certo medo tomar conta, mas, lembrou-se das lições da porta anterior: Confie na intuição. Sentou-se no chão, quando viu um vulto de cabelos brancos passando. Forçando um pouco mais a atenção de seus olhos percebeu ser uma senhora vestindo um longo vestido preto. Apenas seus olhos azuis e sua cabeleira branca podiam ser vistos na negritude silenciosa.

Ela, a anciã, não falava nada, caminhava quase flutuando com a barra de seu vestido tocando o chão enquanto parecia arrastar vagalumes, levantando brilho do chão. Sofia foi sentindo-se tomada por uma Presença tão intensa quanto à escuridão do lugar e essa Presença a remetia ao que entendia por divino. Uma Presença Silenciosa e Provedora. Chorou emocionada quando percebeu que não eram palavras que a ensinavam, mas, as emoções e sentimentos que tomavam conta que faziam cada célula de seu corpo recordar da sua mais remota essência, sua forma primordial. O silêncio, sentiu ela é o Mestre de todas as jornadas e a resposta para todas as perguntas.

Então, uma espiral de estrelas se fez e uma porta imensa surgiu em sua frente, com uma luz vermelha com de sangue iluminando o número 6.

Entrando pela espiral, atravessou o batente da porta e chegou a uma sala com muitos livros feitos a mão, costurados delicadamente com cores intensas, um perfume de rosas tomou conta do ar e uma linda senhora de vestido vermelho se aproximou e disse: Venha criança, sente-se aqui perto do fogo e escute as histórias que tenho para contar. Ouça-as com o coração.

A senhora então começou a contar uma história atrás da outra, e a cada história sentia uma ferida se fechando em sua alma, lágrimas de puro bálsamo caiam sobre seu rosto enquanto um sentimento de paz tomava conta de seu ser, causando arrepios na pele, como quem dizendo: Estou chegando em casa.

Sofia percebeu que a anciã contava as histórias de forma lúdica, vez ou outra ria-se ao contar um causo e explicava que rindo a vida torna-se mais leve e os aprendizados ganham doçura. Assim o sagrado e o profano dançam juntos, no aprendizado da vida. Ela prendia sua atenção como criança que escuta um conto de fadas, mas sabia que eram contos de cura e que o poder dessa cura, estava nas palavras que pronunciava. Eram doces, alegres, traziam em si uma fé inabalável e uma força intensa. Assim deveria ser a vida, compreendeu ela.

Então Sofia levantou-se e ao som dos contos da anciã, dançou como se escutasse uma música. A música da vida estava sendo cantada em seus ouvidos e ela se percebeu feliz como nunca havia sentido antes.

Distraída em sua dança não percebeu que seguia livremente em direção a próxima porta que tinha uma lâmpada amarela em formato de girassol iluminando o número 7.

Dentro, a abuela linda de cabelos trançados e enfeitados com flores minúsculas flores amarelas e vestia um manto da mesma cor. Na mesa, velas amarelas iluminavam a mesa farta, com alimentos coloridos. Ao fundo uma música alegre tocava, enquanto pássaros dançavam de um lado para o outro, bailando junto às abelhas, enquanto um gato se espreguiçava sobre o tapete.

Foi serviço um chá de hibisco, na mesa florida em frente ao fogo, que parecia tilintar nas mesmas cores amareladas. A abuela era pura doçura em seus olhos castanhos. Quase uma carícia na alma o olhar dela.

Ela falou sobre a liberdade dos seres, do respeito que precisamos ter em todos os aspectos, do acolher cada ser encontrado pelo caminho, pois, cada um deles era manifestação do amor divino na terra. Todos devem ser amados igualmente e incondicionalmente. Que o amor é a medicina que livrará o mundo das mazelas, das chagas nas almas. Amar incondicionalmente é não ter posses pelos seres, apenas companhia na jornada. Que nada é nosso, mas que tudo nos é presente.

As pessoas filha amada, precisam aprender sobre o desapego das coisas, amar incondicionalmente um pássaro, é permitir-lhe o vôo. Amar incondicionalmente uma víbora é respeitar seu bote e compreender sua essência, não querendo mudar seu comportamento. Bastando atenção para não ser picado. Amor, filha, é liberdade.

Ao terminar sua fala levantou-se e puxou Sofia para um abraço. O abraço mais amoroso que ela já havia sentido na vida. A abuela então falou em seu ouvido: “Receba meu amor e espalhe por todos os cantos e direções que você for, seja a partir de hoje a portadora do amor incondicional para poder ser exemplo desse caminhar”.

Assim, soltou-se do abraço e apontou para Sofia o caminho que levaria ela à próxima porta. Ela caminhou até uma ponte que tinha uma luz azul que iluminava o número 8 sobre o caminho até um lago com águas da mesma cor intensa.

Ali uma velha senhora vestida com tecidos azuis em tons mais claros que as águas do lago, manuseava ervas, potes, ungüentos. Havia um caldeirão fervendo com muitas ervas que perfumavam o ar, além das que estava a secar penduradas sobre o fogo que aquecia aquele laboratório mágico.

Estou preparando um banho para um rito de passagem, venha, ajude-me a picar essas ervas para colocar no caldeirão. Precisamos usar as ervas certas para cada tipo de mal, cada tipo de dor. Essas são para ajudar que o espírito que está para terminar sua viagem nesse plano, faça sua passagem de forma tranqüila e serena e ajudando com os rezos certos, possa ser direcionado aos seus amados. Toda vez que auxiliamos um ser a encontrar sua família no astral mais rápido, diminuímos o sofrimento da saudade dos que ficam. Também preparamos os chás para os que ficam, para compreenderem que tudo são ciclos, do nascimento a morte, da semente ao fruto. Para que haja espaço para uns nascerem, outros precisam morrer. São os ritos da natureza. Para que o verão chegue à primavera precisa aceitar deixar de florescer, para que o outono venha, o sol precisa aprender a descansar, o inverno só vem quando as folhas caírem e assim, abrirem espaço para o broto, novas folhas para proteger nova criação chegando. Isso é vida acontecendo. Conhecendo as ervas certas, as palavras certas, a energia certa, curamos a ferida dos corpos que ficam e das almas que vão, das almas machucadas que ficam presas dentro dos corpos que não sabem como se curar, até que uma de nós chegue com sua sabedoria.

Curamos feridas e precisamos estar em paz com as nossas pessoais Sofia, em harmonia com nossas águas, onde moram todas nossas emoções e essas, são cura ou doença. Só nos curamos quando entregamos. Solta a dor que a cura vem.

Então a velha senhora estendeu um copo com água para Sofia, que bebeu deliciosamente. Não tinha percebido como estava com “sede”, antes de beber dessa água, azul como o oceano.

Ao terminar de beber percebeu Sofia, que estava em outro lugar, de frente para uma porta com uma luz verde iluminando o número 9. A porta estava aberta, Sofia só fez atravessar e ver que estava no alto de uma montanha onde uma senhora com um xale verde com longas franjas, apreciava o por do sol com sua cuia de mate nas mãos. Sofia sentou-se a seu lado, observando aqueles tons de verde das planícies abaixo, junto com as árvores que cobriam as montanhas, que estavam ali, todos bordados no xale que cobria os ombros daquela linda abuela.

A senhora perguntou: O que você vê ali Sofia? Apontando para frente. O por do sol abuela. Observe mais atentamente filha, o que você vê ali? O horizonte onde está acontecendo o por do sol, senhora. Certo, e o que te lembra o horizonte filha? Sofia fixou em silencio pensando, então a abuela diz: “O futuro amada criança. O horizonte é o futuro. Nessa fase nos tornamos guardiãs do futuro. Somente assim o conhecimento se manterá, quando assumimos essa responsabilidade, de guardarmos o passado para construirmos sobre solo firme o futuro das novas gerações. Para isso minha menina, você precisa compreender-se interna e profundamente, sempre olhando para dentro de você e buscando sua verdade interior, onde é construída sua solidez. Onde você apenas É, assim assumirá ser a Manifestação e não terá medo de trazer seus sonhos à terra.

Ao terminar de falar um “buraco” na parede ser formou e uma escada apareceu. A abuela fez menção de que Sofia deveria seguir por aquele caminho e dando um sorriso doce, se despediu.

Sofia subiu as escadas e se deparou com uma nova porta onde uma luz cor de rosa brilhava sobre o número 10.

Sofia entrou e ficou encantada com a quantidade de rosas cor de rosa haviam ali, espalhadas por vários pequenos jardins, que formavam um círculo e no centro uma nova abuela estava sentada a tecer algo no tear. Ela pediu para que Sofia sentasse a seu lado, no outro tear que havia.

A resposta foi: Não sei tecer abuela.

Você já tentou, retrucou a senhora. Tente, somente assim coloca em movimento a energia do aprendizado. Tentar nos alimenta a criatividade, desenvolve nossas habilidades de materializar nossos sonhos e idéias, de criar a jornada de nossas vidas.Teça, você verá sua força de vontade criar um vórtice poderoso de energia, que é a auto-expressão. É necessário nutrir isso, nossa auto-expressão, pois é o mapa de nossas almas. O que criamos a partir de nós, tem vida.

Sofia foi ouvindo e tecendo e ao se dar conta havia feito um xale com o desenho do por do sol que acontecia a frente, que completava o desenho dos vastos verdes do xale da abuela.

A senhora levantou-se, tirou o xale do tear e cobriu Sofia com um beijo em sua fronte.

Vai filha, segue viagem e siga em paz.

A abuela saltou do penhasco e um lindo gavião bailou nos céus.

Sofia virou-se buscando uma saída e viu uma nova porta com uma luz branca sobre ela, iluminando o número 11.

Sofia adentrou aquela porta e encontrou um lindo jardim com flores brancas de todas as espécies, uma primavera florida fazia sombra para uma mesa com toalha de renda tão alva quando as nuvens que voavam no céu.

Ao dar o primeiro passo, Sofia percebeu que suas roupas também eram brancas e soltas, balançavam com o vento. Eram também da mesma cor da roupa da senhora que balançava na rede.

Ao perceber a chegada de Sofia a anciã se levantou caminhou suavemente até ela.

Sofia percebeu sua postura ao caminhar e sua leveza nos passos. Não fazia barulho, altiva, andava ereta como uma deusa e caminhava com certeza nos passos.

Ela abraçou Sofia e convidou-a a caminhar com ela. Vê aquele gavião Sofia, como voa sem se importar se os outros que estão ao lado o observam? Percebe que para ele não importa os olhares e opiniões, mas apenas como ele está voando? Se ele parar de observar suas próprias realizações, jamais conseguirá voar, irá sempre tentar ser igual ou superior a alguém. Isso traz sentimento de tristeza, pois ao começarmos esse caminho, nunca terá fim. Sempre estaremos buscando ser melhor que o outro. Mas nunca aprimoraremos quem somos de verdade. Em cada um de nós há uma história, todos nossos ancestrais falam por nós. Somos a voz de cada um deles no aqui e agora e para ouvi-los precisamos trilhar a vida com integridade, assim seremos dignos de seus conhecimentos. Caminhar com sabedoria de quem se é, nos torna ao mesmo tempo forte e serena. Porque força não precisa ser bruta e serenidade deve caminhar ao lado dos fortes, para que eles não se percam da Justiça. Isso é caminhar com as palavras. Caminho mostrando o que sou.

Deitou-se a anciã em meio às flores brancas, sorriu para Sofia, que se sentia imensa, e desapareceu, misturando-se em suas vestes brancas.

Sofia ficou ali por uns minutos ainda, sentindo aquela intensidade dentro dela, até que a primavera começou a mexer-se formando uma porta e de dentro uma de suas flores brancas uma luz púrpura iluminava o número 12.

Sofia entrou pela porta e se deparou com muitos véus balançando, véus da mesma cor da luz da porta, muitas lavandas floridas e um perfume inebriante no ar. Perto, um altar onde uma senhora com um manto também na cor púrpura, estava ajoelhada e uma vela violeta iluminava a imagem da Mãe. A senhora falou para que ela se ajoelhasse ali junto e que rezassem juntas em Gratidão à vida.

Quanta caminhada em filha? Disse a senhora

Quanto aprendizado a Mãe lhe ofertou nesses momentos, seu coração deve estar pulsando em gratidão. Reze filha, reze e agradeça à vida por tamanha benção, agradeça cada aprendizado, cada pedra que lhe ensinou a estar mostra, cada espinho que mostrou cuidado e cada pétala que doou seu perfume. Agradeça a cada sinal que Ela enviou a você filha em sua mais pura demonstração de amor. Agradeça filha.

Sofia caiu em prantos. Soluços de alegria tomaram conta de seu corpo, suas lágrimas banhavam seu rosto e lavavam sua alma. Ela estava sentindo-se plena.

Olhava a imagem da Mãe e isso trazia mais e mais alento, pois sabia que era apenas um sinal de que Ela nunca a deixava só em sua jornada. Isso era benção.

A senhora então, levantou-se, pegou a imagem e entregou nas mãos de Sofia dizendo: Leve essa imagem à próxima velha que encontrar. Siga por ali e mostrou um caminho que começou a brilhar. Sofia seguiu percebendo os cristais mais puros que mostravam o caminho até a próxima porta que tinha um cristal reluzindo, num prisma de cores sobre o número 13.

Sofia então se deparou com uma sala repleta de cristais, tudo era cristalino ali. A anciã usava como adornos, colares, anéis e brincos de cristal. Havia sobre sua sala uma enorme pirâmide de cristal e era quase possível perceber a transformação das energias que ele fazia. Era um computador, transformando e decodificando informações. Havia uma prateleira sobre a lareira, onde 12 caveiras de cristal brilhavam, havia “cheiro” de ancestralidade todo o local.

Sofia entregou a imagem da Mãe nas mãos da anciã, que lhe agradeceu e ofertou um cristal em forma de pirâmide com um cordão feito com contas de cristal transparente dizendo:

Você realizou com maestria toda sua jornada filha. Aprendeu, ouviu, silenciou, sentiu e agora precisa deixar para traz tudo, ficando apenas com a sabedoria dos conhecimentos, assim abre espaço para reaprender, e saberá guardar em sua alma quão difícil é a jornada, assim jamais diminuirá uma irmã no caminho, com sua opinião pessoal, jamais deixará de amar um irmão do caminho porque errou, será a própria visão divina através de seus olhos, terá o amor da Mãe em seu coração e espalhará a semente do caminho da beleza em seus passos.

Quando somos acolhedores, ajudamos todos a realizarem suas transformações pessoais. Para ir para o casulo, precisamos sentir que somos protegidos.

Segue firme e confiante, uma etapa de sua jornada terminou. Com mestria você veio até aqui, agora descanse.

Falando assim a anciã colocou o cordão no pescoço de Sofia, deu um beijo em sua testa e despediu-se.

Sofia abriu os olhos e estava deitada, no caminho da floresta, com os mesmos pássaros cantando, mas mesmas flores e os mesmos animais andando calmamente. Ela olhou novamente e disse para si mesma, “não são os mesmos, apenas parecem iguais. Colocou a mão no pescoço e sentiu o colar de cristais. Sorriu!


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Rose Kareemi Ponce