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27/08/2012

O Cachimbo.

O Cachimbo tem vários nomes dependendo da cultura a que está associado, podemos citar alguns nomes tais como, Chanupa, Calumet, Chanumpa, Timbero, Petenguá ou Petâ kwaá e também temos no Brasil o Timbó como veremos mais a frente.

O mais interessante é que apesar de muitas formas e muitos nomes sua finalidade é a mesma em todas as culturas, transmutar energias e as levar até o Grande Mistério.

É o Cachimbo que condensa as palavras de quem “pita” com ele , ou melhor, transforma as palavras em algo visível e depois disso estas palavras são levadas aos quatro cantos do mundo e ao Grande Mistério, mas também auxilia em muitos outros movimentos de cura.

Mais tarde voltaremos a falar sobre isso.

Tal qual o chocalho, o Cachimbo também é formado pela comunhão de duas partes básicas, o fornilho, representando a força feminina e a haste representando a força masculina, também é bastante comum que se agregue algum elemento de mistério a Ele para auxiliar o buscador na conexão com uma determinada energia ou para lembrá-lo do porque certo conhecimento chegou até ele e seu povo.

É sabido pelos curandeiros e por pessoas que comungam com o Cachimbo que o fornilho e a haste representam a “sagrada” energia básica ativa e passiva e quando são unidas, transformam-se em uma só e ganham vida.

Por este motivo os curandeiros recomendam muito cuidado com o que se pensa e se fala quando estamos comungando com o Cachimbo de Mistério.

Mas se formos analisar profundamente notaremos que se o Sétimo Portal não está ativo o Cachimbo não realizará a conexão com o Todo e aí a força do fumo e das ervas estarão sendo liberadas ao acaso e nada (de bom) acontecerá.

Voltando aos Cachimbos, vemos acima o Petenguá ou Petenkwaa .

O petengua faz parte da etnia Guarani e é materializado em duas partes, sendo o fornilho materializado em Nó de Pinho e por fim utiliza uma haste de bambu, note a parte lançada a frente depois do fornilho, ela é chamada Espírito ou Angá em Guarani.

O Nó de pinho é, como o nome diz o nó da Araucária é uma madeira bastante dura e também é impregnada de resina, dificultando bastante o trabalho de esculpir o nó, para que se manifeste o fornilho, mas depois de materializado o Petengua fica muito bonito e acompanhará o buscador por um tempo relativamente longo, dependendo da freqüência com que for comungado com seu mistério.

Na nação Guarani o Petenguá é compartilhado da mesma forma que a cuia de mate (chimarrão), geralmente junto à fogueira ou, hoje em dia, junto ao fogão a lenha, mas também é de grande ajuda nos rituais de Cura.
Ele assim como o bastão que fala, tem a mesma função de respeito ao silencio e a fala.

O Timbero faz parte da etnia Terena e é materializado com um galho de árvore, que pode ser eleita no meio de muitas dentro da mata e geralmente isto acontece seguindo orientações recebidas pelo buscador de visão ou Pajé.

O Timbero não possui o Espírito lançado a frente como o Petenguá, mas pode receber pinturas ou melhor pantagramas variados.

Existe também uma forma curiosa de “pito”, chamado timbó que é utilizado por algumas etnias do norte e nordeste da mesma forma que o Petenguá e o Timbero, este timbó é usado na imantação da beberagem sagrada “Jurema” ou Yuremá e também em movimentos de Cura.

Lembrando mais uma vez que o Grande Mistério nos deixou um exemplo de tudo aqui sobre a terra vemos este simples cachimbo cujo fornilho nos foi cedido por um Jequitibá Rosa, também conhecido como Jequitibá de Pito e a haste nos foi cedida por uma pequena árvore conhecida por Canudo de Pito.

Só é necessário um pequeno furo no fornilho para reunir a haste a ele.

Para mim este tipo de cachimbo tem um significado muito especial, pois penso que ele representa a doação e a humildade do irmão do povo em pé que nunca se cansa de nos estender sua ajuda em forma de abrigo, fornecendo comida e até nos ajudando a enviar nossa voz a nosso Pai.

Não podemos deixar de falar do Chanupa ou Chanumpa, trazido para a nação Sioux pela Mulher Novilho de Búfalo Branco.

No que diz respeito à simbologia o Chanumpa tem grande riqueza de significados.

Os Chanupas são divididos em três tipos: O de uso pessoal que podia ou não ser adornado com algum elemento de Mistério, o de uso coletivo (para criar relações) lembrando o Petenguá Guarani e o terceiro, o Espiritual.

O Chanumpa de uso Espiritual é conhecido como Chanumpa Muito Sagrado, pois é a representação do primeiro Chanumpa entregue à nação Sioux pela Mulher Novilho de Búfalo Branco.

Ele era sustentado por um homem de Mistério que era mostrado em visão ao conselho da tribo.

Houve época em que um único portador do Cachimbo Sagrado era responsável pelos Rituais das sete tribos e conta a lenda que antes da chegada do homem branco, uma pessoa que tivesse em sua companhia um Chanupa, poderia cortas a América do norte em paz de lado a lado, porque nenhuma tribo ousaria fazer qualquer ato de violência frente ao chanumpa.

Seu fornilho é em forma de T e Ele tem um búfalo esculpido olhando para o centro do fornilho, existem também sete círculos representando os Sete Ritos que foram ensinados à nação, este fornilho é esculpido na Yniansa (Sangue da Mãe), uma pedra vermelha somente encontrada nas Black Hills, onde o fornilho se encontra com a haste, que representa tudo o que cresce sobre a terra, existem treze penas de águia, uma representa a águia e tudo o que voa e as outras representam as Luas, depois disso temos quatro tiras, cada uma de uma cor, uma é preta e representa o Oeste, uma é branca e representa o Norte, uma é vermelha e representa o Leste e uma é amarela e representa o Sul, junto à ponta da haste existe um pedaço de couro cru de búfalo que representa a Mãe terra, que sustenta e alimenta tudo o que existe.

Lembro-me de uma vez que conversava com uma amiga sobre Cachimbos de várias etnias quando expressei a ela meu desejo de comungar com o Chanumpa muito Sagrado.

Nem terminei direito a frase e ouvi um estrondoso:

- “Vocês não entendem que tudo é sagrado?”

Na hora me calei e lembrei de um ensinamento que diz que cada pessoa vê o que seus olhos estão preparados para enxergar e logo em seguida me veio um outro ensinamento me lembrando que pra se julgar alguém é de suma importância que o juiz não tenha maculas...

Mas voltando à simbologia do Chanumpa...

Era costume que em todos os rituais com o Chanumpa de Mistério, as cinzas resultantes da queima do tabaco e das ervas eram reunidas ao lado do altar e depois que o ritual terminava, as cinzas eram guardadas e uma vez por ano as cinzas de todos os Rituais eram levadas até o Centro do Mundo ou ao Centro da Nação, as Black Hills e lá eram devolvidas à Mãe.

Sem querer desmerecer outro lugar sagrado, humildemente ouso afirmar que milênios de cinzas de Mistério e milênios de “rezas” e oferendas, somado ao respeito das gerações e gerações que consagraram aquele espaço como sagrado para mim bastam para afirmar que aquela pedra retirada daquele lugar especifico considerado pelas nações do Norte como o centro do mundo é de muito Mistério e que um Chanumpa materializado nesse mistério é um Chanumpa muito sagrado ou como prefiro dizer: Um Chanumpa de muito Mistério.

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