Páginas

09/05/2017








A sala de espelhos

Vivemos todos como se estivéssemos dentro de uma sala de espelhos. Todos os dias acordamos e dormimos olhando para nosso umbigo, nos sentindo protegidos do mundo, pois não damos conta das diferenças que permeiam a vida humana. Suas cores, raças, credos, jornadas.

Passamos a vida olhando o outro com régua nas mãos e no coração, medindo a tudo e a todos conforme nosso ego e colocando nossa vida como exemplo, ainda que não seja!

Caminhamos nos achando os seres mais importantes do mundo e sequer nos damos conta de que maior lição que a vida nos dá é percebermos que nada é por nós, que não valemos pelo que temos ou somos, mas pelo que fazemos aos nossos irmãos que encontramos no caminho.

Nossa vida vale pelo peso que temos na vida do outro, não pela quantidade de “tesouros” que juntamos durante a jornada.

A sala de espelhos onde nos colocamos seguros para ver o mundo “de fora” um dia quebra em milhões de pedaços e muitas vezes ainda em nosso desespero por não conseguir ver o mundo fora dessa caixa, ficamos no chão juntando pedaços e querendo colá-los para nos manter no cômodo e confortável, assim não temos que mudar, ou ainda, nos “juntar” ao resto do mundo, olhando de frente os olhos dos quais tanto se fugiu, afinal na sala de espelhos o único reflexo é o nosso mesmo e o mundo gira em torno do umbigo, centro da galáxia chamada ego.

Precisamos ter a coragem de permitir que todos os espelhos quebrem e se espalhem, permitindo assim percebermos nosso real valor, nossa real aparência através dos olhos e dos corações dos irmãos. Precisamos nos render.

É na rendição que encontramos nossa força, nossa potência, nossa capacidade de transformação. É na rendição que ajoelhamos e é nessa entrega que nossa alma percebe que nada está fora e que, apesar de ser tudo dentro, nada é sobre nós individuo, mas tudo é sobre NÓS GRUPO. Tudo o que faço reverbera, tudo o que penso reverbera, tudo o que sinto reverbera, tudo o que sou reverbera e se completa na onda energética dos que encontramos e assim os fios vão tecendo a teia de nossa vida.

Render-se é se colocar a disposição do universo para que ele nos guie e nos leve aos locais que seremos úteis e onde certamente veremos vários reflexos de nós mesmos, nos olhos daqueles que forem tecendo conosco o caminho. Todos os seres que nos tornam quem somos. Todas nossas relações.

Permitir que a sala de espelhos se quebre e render-se ao caminho é certamente a parte mais difícil da jornada, é o primeiro passo. Como uma ave que precisa sair do ovo para poder sozinha vir ao mundo e aos poucos, pena após pena vai fortalecendo as asas até poder se jogar e voar. Sair da sala de espelhos é sair da casca do ovo e olhar a vida fora dela, é fortalecer as asas. Precisa apenas dar o primeiro passo. O resto a vida se encaminha de mostrar, de trazer e de levar.....há espinhos....mas há rosas e perfumes e muitos outros reflexos par se conhecer além do próprio umbigo!

Crescer vale a pena e voar, mais ainda!

Permita-se quebrar sua sala de espelhos e ver muito além de seu próprio reflexo, ver o divino que habita em cada olhar!

Rose Kareemi Ponce

03/05/2017






Não existem em mim esconderijos de mim mesma, senão aqueles criados por minha mente!
Perder-me de mim, dentro de mim, é a mente brincando de esconde esconde com minha essência!
Achar-me, é permitir meu coração servir de guia, na entrega!

Rose Kareemi Ponce

02/05/2017





Perdão pelas palavras duras, mas estamos muito chatos.

Todos os dias tenho visto pessoas do alto de seus troninhos de merda olhando a tudo e a todos de cima, com toga de juízes e martelo e justiceiros.
Cada dia um dedo apontado para um "problema diferente", esquecendo-se que para julgar alguém há que se calçar seus sapatos e caminhar seu caminho, pois somente assim saberemos onde o sapato aperta e onde está a dor, se na alma ou nos pés, ou em ambos.
São pais e mães julgando pais e mães, colocando-se como melhores, esquecendo-se que ser presente é estar presente, não na frente da tv ou do notebook.
São feministas querendo igualdade e conseguem, de comportamento, tornando-se exatamente aquilo que mais desprezam no machismo, cruéis.
São machistas esquecendo-se que nasceram de um ventre.
São filhos falando mal de seus pais esquecendo que só estão por aqui, por um SIM, que ambos lhes deram, ou ainda, um SIM que a mãe deu.


São héteros falando de gays..como se o fato de ser hétero os tornassem melhores.São policiais falando de bandidos, cometendo os mesmos erros: matando indiscriminadamente.
São crianças sendo chamadas de bandidos, esquecendo que muitas delas foram ensinadas nas ruas, sem colo, sem amor, sem aconchego.
São negros querendo o fim do racismo, sendo muitos deles, racistas.
Vejo muitos brancos querendo o fim do racismo, pregando a separação.
Falamos da esquerda, esquecendo da direita, falamos da direita, esquecendo da esquerda, falamos de tudo, menos de nós mesmos.
Vejo amigos se afastando por terem opiniões diferentes.
Vejo pessoas sentadinhas em seus rabos, apontando a sujeira do outro.
Acho que precisamos parar de nos colocar acima, de colocar etiquetas em todos, criando vácuos sociais onde as ervas daninhas se propagam com facilidade.
Precisamos parar de ir a templos aos domingos e passar a semana desejando a morte, o mal, a tristeza, a vingança.
Precisamos parar com hipocrisias. URGENTE.
Muita gente pregando o "politicamente correto", mas caminhando ainda na escuridão do julgamento alheio.
A verdade pessoas não é absoluta, é relativa ao olhar de cada ser, pois cada um tem uma caminhada e absorve os ensinamentos de um jeito, segundo seu prisma, suas vivências, suas histórias.
Ao invés de julgar quem sabe procurar conhecer o caminho do outro, seus motivos, suas dores, suas alegrias...
Tenho certeza que, ao caminhar com o sapato alheio como dizem os índios, perderemos a motivação do julgamento, pois conheceremos a alma do outro, não aquilo que julgamos.
Sem mais.
Perdão pelo desabafo, mas a gente tá muito chato!


Rose Kareemi Ponce





"A compaixão torna-se real quando reconhecemos nossa humanidade comum."
Simples assim :
Pema Chödrön




Ajudar tem duas pontas na mesma reta:
De um lado aquele que aprende com humildade o momento de pedir ajuda e do outro, o que aprendeu na humildade a honrar quem busca nele essa ajuda!
O universo é quem encaminha a pessoa para receber ajuda pois confiou no que tem condições para ajudar, dessa forma quem deve agradecer é quem abre a porta, pois quem bateu foi levado até ele(a)!

Rose Kareemi Ponce