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21/08/2014



Bom dia VIDA!!!

Vamos criar nosso dia!
Façamos do abrir dos olhos ao cerrá-los a noite, um lindo acontecimento e uma linda celebração. Nunca sabemos quando acaba nossa jornada nessa nave chamada Vida Humana.
Todos os dias devem ser celebrados como o primeiro e o último de nossas vidas!
Olhar com encantamento tudo a nossa volta, como se fosse a primeira vez que as vimos. Descobrir novas belezas nas coisas antigas.
Sentir novos cheiros em antigos perfumes.
Maravilhar-se com o canto dos pássaros, como se nenhuma melodia assim, tivesse sido ouvida.
Abraçar as pessoas que amamos, como se nunca tivéssemos sentido o calor daquele abraço!
Dizer que amamos, com a mesma empolgação e carinho, como da primeira vez!
Mas acima de tudo, ter o cuidado no toque, na palavra, no olhar, como se fosse a última vez que nos encontramos para abraçar, tocar, sentir e olhar....porque não temos o gênio da lâmpada para nos dar de presente mais um dia, quando a estrada terminar.
Mas temos nosso coração, para ser nosso gênio interior a nos guiar na estrada e nos nos ensinar que todos os dias são como mágicos presentes. Basta abri-lo com cuidado e tratá-lo, como raro diamante!
Não se esqueça: DOE AMOR, SEMPRE!

SEJAMOS HOJE A MELHOR PESSOA QUE PUDERMOS!
SEJAMOS AMOR EM MOVIMENTO!

18/08/2014



canto,
sagrado canto
que desperta a alma
acorda os sentidos
acalenta o ser!
canto,
sagrado canto
que suave, alegra
que sendo canto
encanta!
canto,
sagrado canto
que pela manhã me lembra
que é hora de despertar
pois o a vida não para
para esperar!

Tempo que passa
sem mesmo existir
corre pelos campos
insistindo em querer varar
o próprio tempo
que sendo tempo,
não passa
não voa
desliza
qual areia fina
pelos dedos
pelos vãos
pelos negros buracos
por onde vazam
os sentidos
de sentir
o tempo passando!







Minha vida humana
não condiz mais
com desumanas posições
num condicionamento enclausurado
entre portais de vazias palavras
hoje me desumanizo
viro bicho
e pulo feito felino
feito onça brava
me esquivando do fel
me nutrindo do mel
me aliviando o ser......

Oração de uma Tecedeira




Sinto as vezes, que toda essa história de ser um buscador, nos resume a exatamente isso: BUSCA!
Dessa forma, o encontro tão esperado nunca se dá.
Assim, vamos ficando presos e atados a um círculo infinito, sem portas ou janelas que nos permitam respirar "fora" da busca!
Então, deixei de buscar.
Comecei a encontrar a mim mesma.
Saí da forma!

Bom dia VIDA!!!

Seja um inconformado!
Saia da forma da mesmice.
Ria sem motivos aparentes!
Dance na rua!
Cante a canção da sua alma!
Dê bom dia!
Não permita que sua vida seja guiada pelos passos de outras pessoas!
Não somos iguais, ainda que sejamos semelhantes!
Escolha sua forma de brilhar e BRILHE!
Saia das expectativas vazias e apenas permita que o outro seja, o que tiver de ser.
Não apegue-se nem mesmo as alegrias.
Tudo é impermanente!
Tudo é água que corre!
Seja água!
Não tenha forma....
Assim, não se machuca, não se prende, não se rende, apenas passa, apenas segue...

SEJAMOS HOJE A MELHOR PESSOA QUE PUDERMOS!
SEJAMOS AMOR EM MOVIMENTO!

16/08/2014


Há um deus maior que todos os deuses possíveis que já foram criados por aqueles que habitam sobre a terra.
É um deus tão enorme e tão poderoso, que apenas os que tiverem coragem de olhar para dentro de si mesmos, conseguirão senti-lo!
Um deus tão imenso, que só quando a coragem de se aceitar luz couber dentro da alma poderá se manifestar.
A cegueira das religiões nos faz distantes desse deus porque nos faz pensar sermos pequenos demais para que esse deus habite em nós.
Buscamos fora, tudo o que já somos, porque somos ensinados durante toda uma vida, que temos de ir em busca do paraíso.
Buscamos luz fora, porque cremos que somos trevas!
Quando tivermos coragem de sairmos da casca da pequenez, sem nos colocarmos acima, poderemos começar a trilhar o caminho da verdade interior, onde pulsa e vive esse Deus!
Nenhum lugar que possamos viver será diferente, enquanto estivermos perdidos de nos mesmos. Todos os lugares serão escuros, porque nossa visão estará cerrada.
Somente descobriremos o paraíso, quando pararmos de buscar, porque se cremos que somos perfeitos, dentro de todas nossas imperfeições; caríssimos, somos os Paraíso.
O universo perfeito e real, pulsa em nós. Somos o retrato microscópico do infinito!
Cada estrela e cada constelação, se move e se manifesta, como nossas células e nossos orgãos. Todos tem seus movimentos, sua função e o porque de funcionar daquela forma, naquele momento.
Quanto mais aprendemos sobre religiões, menos sabemos de nos mesmos, da nossa história enquanto seres humanos em evolução. Porque na verdade, estamos todos evoluindo de células, portanto, há uma cadeia evolucionista, dentro de cada um de nós. Ainda que não queiramos, ainda que reneguemos.
Tudo isso pulsa e se move independente da nossa vontade consciente.
Lembre-se, o que vemos não é o que há no universo mas, apenas e tão somente, imagens projetadas e decodificadas por nosso cérebro, ,captadas pelas lentes dos nossos olhos e "vistas" a partir do saber interno de cada um. Afinal o universo é do tamanho do nosso saber.
Que possamos expandir nosso saber, infinitamente.
Perceba Deus, além do "saber" escritos em papéis.
Perceba Deus, na natureza; na trilha da história, nas qualidades do ser humano, no amor dos e aos animais.
Porque é impossivel crer em Deus, sem antes senti-lo em tudo o que foi criado e em tudo o que vive, porque ele não está em templos de concreto, sustentados sob a ignorância e mantidos sob o vil metal.
Antes, há que habitar em nossos corações, limpos de dogmas, livres de doutrinas. Então, ai nesse lugar vazio, estará Deus!

texto e imagem: Rose Kareemi Ponce

15/08/2014



Bom dia VIDA!!!!

Permita-se no dia de hoje, e só por hoje, ver o mundo pelas lentes da beleza!
Permita-se olhar o mundo sem julgamentos. Apenas pelo prisma da beleza!
Quando eu digo o mundo, e só por hoje, digo, preste atenção no SEU mundo, em tudo o que rodeia você e que por algum motivo, não tem mais prestado atenção. Talvez, por estar sempre a disposição, talvez por distração.
Observe os vasos de flores que estão emprestando sua beleza e perfume para que seu lar fique mais aconchegante.
Ou se tiver um jardim, sente-se por poucos minutos, mas observe um botão que se mostra, uma formiga se alimentando, sinta o perfume de uma flor.
Se estiver em plena avenina movimentada, certamente, se estiver atento, verá uma planta saindo do meio do asfalto, numa teimosa insistência em sobreviver!
Observe o movimento das plantas, deixando-se mover ao embalo do vento.
Sinta o vento que sopra.
Pode ser que esteja frio, mas certamente te fará sentir a vida na pele que arrepia!
Permita-se no dia de hoje, e só por hoje, observar sua respiração, para que ela seja calma e compassada, seu corpo, alma e mente agradecerão!
Permita-se fechar os olhos e sentir o sol aquecendo e energizando!
Agradeça a beleza que habita toda sua volta.
O sorriso dos seus filhos, ou das crianças que cruzarem seu caminho!
O alimento que saciará sua fome!
A água que mata a sede e nos religada o tempo todo, à Grande Mãe!
Ver a beleza na simplicidade de um lar, no fogão a lenha, nas panelas pretas onde borbulham amor  em forma de nutrição.
Ver a beleza do abrir a janela pela manhã e olhar o dia que nasceu! NOVAMENTE!
A beleza É e por isso, pulsa em tudo.
Esteja presente e permita-se no dia de hoje e só por hoje e no final do dia pode ser, que torne-se uma contrato assinado entre você e você mesmo: Ver a Beleza em Tudo!
A vida fica, no mínimo mais bela!



SEJAMOS HOJE A MELHOR PESSOA QUE PUDERMOS!
SEJAMOS AMOR EM MOVIMENTO!

13/08/2014






Uma borboleta monarca voando pelo jardim florido, em busca de seu néctar, ouve um choro fraquinho vindo lá de baixo, de uma folha verdinha, verdinha!

Resolveu dar uma olhada e descobrir o dono do lamento e voando até a parte baixa do que chorava baixinho, enquanto se alimentava sem parar da folha que também servia como hospedeira desse pequenino ser.

Perguntou então curiosa:

- O que acontece criança? Porque esse choro?

A lagarta então, quase em sussurro diz: - Acabo de me dar conta, que minha vida se resume a isso, comer, comer, comer. Não consigo sair daqui, não sei o que há além desse arbusto, não vejo nada além do que tenho na frente. Não sou nada. Surgi de um ovo e virei esse ser que apenas rasteja e come, come e rasteja, não tenho ninguém com quem conversar!

A borboleta rindo-se da pequena lagarta muito calmamente disse: - Ora pequenina, não se lamente tanto! Na vida tudo tem seu próprio tempo, há o tempo de nascer, de crescer e de morrer e, mesmo após morrermos várias vezes, sempre sentiremos que existe algo para aprender e sempre por estarmos em evolução, trocaremos de roupa, de lugar, compreenderemos o sentido da vida mas mesmo ele, mudará com o tempo! Você mesmo que sofre tanto hoje, breve estará trocando de roupa, mudando de aparência e breve morrendo para essa vida que te traz tanto sofrimento. Seu alimento hoje, que pensa ser em demasia, é necessidade do seu corpo em transformar-se rápido, é como ele se nutre para alçar o grande vôo!

- E como você sabe disso? Eu não quero morrer, prefiro não crescer se for para morrer! Disse a lagarta que sem perceber, estava deixando para trás enquanto rastejava, sua primeira troca de pele. As lagartas trocam até cinco vezes enquanto estão nessa forma, afinal crescem incessantemente!

- Como eu sei? Vivendo essas fases todas, minha querida e me permitindo passar pelas transformações. O fato de você não querer morrer, não fará a morte ir embora e desistir de você, ao contrário, fará com que as mudanças que vierem apenas sejam doloridas. Veja você, enquanto estamos aqui a conversar, nem se deu conta que sua primeira mudança já aconteceu e, apenas o fato de você ter deixado de reclamar nesse curto período de tempo, já a fez indolor. Não podemos parar o tempo e as mudanças que ele nos traz, podemos evitar a dor de brigar com as mudanças e permitir que elas ocorram pacificamente dentro de nós. A mudança é inexorável, a forma como ela vai acontecer, não! Tudo depende de cada um de nós.

Perceba que mais cedo ou mais tarde, você irá virar uma linda mulher! Tão bela que brilhará ao sol, as flores irão se alegrar apenas por sua chegada e os beija flores, serão seus amigos!

- Ah! Deixa de inventar lorotas linda borboleta! Como poderei eu, um ser que alimenta os pássaros, virar amigo de beija flores!

- Na hora certa, depois de morrer dentro de você mesma e encontrar o vazio absoluto, irá renascer e encontrar sua mais bela forma criança, mas agora apenas nutra-se! As folhas que nutrem seu corpo são verdes, porque trazem com ela a cura das suas dores e a cada fase passada, a cada pele trocada, mais perto de você mesma estará. Você já é o que deve ser, mas precisa arrancar todas as peles que cobrem sua alma, se fechar em você mesma para somente então, renascer em si mesma, tornando-se quem sempre foi!

- Muito difícil tudo isso. Acho que você andou comendo flor venenosa e está tendo uma alucinação. Deixa-me continuar aqui, comendo minhas folhas, que está menos complicado do que essa sua conversa de morte, transformação e sei lá mais o que. Deixa-me aqui com essa minha vidinha sem graça!

E assim a lagarta continuou “caminhando” pelo arbusto, comendo e comendo, reclamando e reclamando, quando mais uma pele saiu, não tão de mansinho quanto a outra, ela ficou grudada, presa. Tinha alguma coisa que não deixava sair e a lagarta ficou chorosa e se lamentando que além de doer, tinha de arrastar essa pele, esse fardo.

E assim, uma após outra as peles foram saindo e, a cada libertação, mais em silêncio a lagarta ficava. Ela ia percebendo uma leveza e “certo sentido” para aquilo tudo começava a despontar dentro dela, a vida começou ter vida! Então se lembrou da borboleta monarca e de toda sua fala. Sentiu um desejo de ficar guardada dentro de si mesma, de ficar protegida no silêncio de sua alma e então, sentiu que saia de seu coração uma luz imensa. Quase que guiada por uma força maior que ela (não que precisasse muito, já que era pequena), escolhe uma flor e tece uma “almofada” e ali se prende permitindo então que sua última pele se solte e forme uma proteção ao seu redor, e então ela percebe que esse era o momento que a monarca tinha falado, ela ia se fechar em si mesma para morrer. Ali estava seu túmulo.

Ela não mais resistiu, permitiu que a morte viesse com toda sua força, impedindo que o ar penetrasse seu corpo e então o nada. O vazio completo se fez. Após longos quinze dias de vida, era assim que tudo terminaria. No vazio.

Mais nada foi sentido ou pensado.

E assim, por mais quinze dias exposta ao sol, com o vento soprando e a chuva caindo a lagarta ali ficou. Em total e completo silencio e escuridão! Em seu fúnebre repouso!

Então, no amanhecer de um lindo dia de sol, o casulo até então fechado, foi aos poucos se rompendo. Permitindo que a luz entrando, fosse despertando a lagarta do seu adormecimento, da sua clausura. Ela vai se espreguiçando, se esticando e saindo pouco a pouco de sua masmorra. Então percebe uma sombra sobre a sombra dele e olha assustada para cima e vê deslumbrada, um lindo par de asas amarelas com listras pretas, como as da monarca que estivera com ela.

Então percebeu o que ela quis dizer quando falou: - Como sei? Vivendo todas as fases!

Assim, ela esticou suas asas ao sol, secou-se e voou, percebendo quão maravilhosa era a vida e sendo grata por todas as fases vividas e por ter tido um mestre que mesmo sem ela querer naquele momento de ego, ensinou o melhor caminho a seguir!

Pousou maravilhada em uma bela flor, cumprimentou um beija-flor que ali estava também se alimentando  e ali sentiu pela primeira vez o doce sabor do néctar e entendeu que, só valorizou o doce, porque primeiro sentiu o amargo da medicina e sorriu. Quando ouviu um choro doído vindo de alguma folha abaixo e percebeu ser de uma lagarta!



Ciclos, todos temos!



Que possamos passar por eles e nos transformar em lindas borboletas!

Rose Kareemi Ponce

https://www.facebook.com/rosekareemiponce




Bom dia VIDA!!!!

As únicas coisas que valem a pena serem levadas em nossa bagagem, são as alegrias que temos, os amores que vivemos, as lágrimas de felicidade que derramamos, os abraços apertados que damos, as mãos dadas durante a vida, os colos ofertados e recebidos, o AMOR!
Tudo isso não pesa, não machuca e acima de tudo, molda o que temos de melhor em nós!
Lembre-se disso, ao se perceber carregando algo que não seja o essencial, apenas o essencial!
No fim da estrada, haverá o sorriso mais feliz do mundo estampado em seu rosto!

SEJAMOS HOJE A MELHOR PESSOA QUE PUDERMOS!
SEJAMOS AMOR EM MOVIMENTO!




Nas águas desse mar
Mãe Yemanjá
mandou eu me banhar
para que as espumas desse mar
pudessem me curar
das dores e das mazelas
do corpo e da minha alma
que ainda carregavam

Nas águas salgadas desse mar
Mãe Sagrada
me purificou
espuma d´água é curandeira
e abre caminho no destino
pra flor que desabrochou

Nessas águas imensas
valei-me Mãe Amada
coloca suas mãos
sobre minha cabeça
e beija flor faz cantar
alegrando coração

Nas águas bentas
do seu ventre
Mãe das Grandes Águas
sigo correnteza que flui
e renasço todo dia
nas manhãs abençoadas
em que suas águas
acariciam as areias
do corpo que se ergue
na força do Teu Amor!

12/08/2014




Me banho em suas prateadas águas,
me lavo e me abençoo
me entrego e me purifico
sou filha da tua sagrada fonte
sou prata da sua casa
fonte de água pura
sou ventre e sou embrião
sou cria da sua nascente

Minha alma recebe seus mistérios
meu coração desperta sabedoria
meus passos se tornam firmes
ainda que caminhando sobre águas
ainda que mergulhando na terra
ainda que me banhando no sal

Sou cria das tuas entranhas
senhora de prata, mãe das águas
guardiã do sagrado jarro
que protege a vida que surge
cálice sacro,
origem de tudo
início do Todo!




Bom dia VIDA!!!!

Esse ano nos pegou de surpresa com a passagem de tantos seres lindos que nos deixam órfãos da beleza, da poesia, da arte!
Mas essa é apenas uma forma de nos lembrar que a vida é efêmera demais para ser tratada como algo indissolúvel.
Ela se vai, sim. Mesmo com dinheiros e fama, mesmo com talento e sorrisos!
E não esqueçam, ela não avisa, não deixa recados na caixa postal, não manda telegramas, nem mesmo sms!
Ela simplesmente chega e leva pro "outro lado do portal", todos os que amamos, até que leva a nós mesmos.
Então, ao invés de ficar ai, carregando em sua bagagem tristezas e mágoas de coisas que aconteceram no dia de ontem, de carregar pedras pesadas que te ligam negativamente a pessoas, que apenas foram pessoas, com todos seus acertos e erros, com toda suas falhas (assim como todos nós temos), carregue flores! Além de mais leves, são coloridas, enfeitam a vida; e perfumadas, o que permite que nosso caminho seja sempre na beleza!
A angustia de não termos realizado todos nossos desejos, nos leva a depressão que nos leva a um desinteresse pela vida, que é o maior dom que recebemos do divino!
Cuide-se.
Leve consigo apenas o que for leve e o que for necessário!
Permita-se momentos de pura contemplação.
Não diga, "não tenho tempo para olhar nuvens", elas assim como você, passam e cada uma carrega em sí, um desenho, uma mensagem,, um sonho de criança. Alimente em você essa criança. CONTEMPLE!
VIVA!
SORRIA!
SEJA LEVE!
A morte é apenas uma passagem, e a qualquer momento, somos convidados a realizá-la!
Você vai levar o que consigo:
Você vai deixar o que de si mesmo?
Pense!

SEJAMOS HOJE A MELHOR PESSOA QUE PUDERMOS!
SEJAMOS AMOR EM MOVIMENTO!




Fecho os olhos e apenas pulso!
Minha mente silencia,
meus átomos vibram e se fundem
com o todo a minha volta!
há um som forte, um tambor que
soa ao fundo e pulsa, pulsa
pulsa, em uníssono com o universo
com o vazio, com o pleno
com o nada e com o tudo
há uma escuridão tão absoluta que brilha
há tanta luz que cega e mostra sua escuridão!
Sou estrela!
A estrela que brilha e flutua no nada
Brilha e flutua aqui e eu, lá
mas não há aqui, ou lá
apenas há o indivisível
o absoluto.
Há o silêncio de todas as vozes sussurrando
Há o vazio mais pleno em sí mesmo
Há dúvidas e não há certezas
Há certezas sem dúvidas
Há a correnteza
que flui
Há a corrente
que quebra
há o ar que expande os pulmões da alma
há a água que afoga os egos da mente
há o Ser, sem ser uno
em unidade com cada pulsar
que pulsa fora e sinto dentro
que pulsa dentro e todos sentem fora!
Há a filha e há a mãe
há a sabia e aprendiz
há os eternos aprendizados
Há a Lua
Há vida!
E ela ilumina
e ela ilumina
e ela ilumina!

08/08/2014





Bom dia VIDA!!!!

Hoje quero falar um pouco sobre Importâncias!
O que andamos colocando para dentro do nosso coração, afinal, importar-se, é trazer algo para dentro!
Será que temos filtrado e cuidado do nosso coração?
Será que temos respeitado e demarcado seu espaço sagrado , para que não se sobrecarregue com coisas ínfimas?
Será que estamos carregando pedras demais, como burros de carga e ainda mais, carregando pesos que não são nossos?
Temos a capacidade de aceitar e colocar em nossas mochilas, tudo o que nos oferecem. Temos a capacidade de tomar como verdadeiros e assumir posse de palavras e pensamentos, emoções e raivas, que são do outro.
Trazemos para dentro do nosso peito, o que pensam sobre nós, o que dizem sobre nós e mais ainda, problemas que sequer são ou estão fazendo parte de nossa vida.
Nos "importamos" demais com tudo o que vem de fora, e não nos aquietamos dentro de nosso silêncio interno para apenas nos aceitar como somos e acolher quem somos.
Trazemos para dentro, pessoas que não precisamos trazer, muitas vezes por pena, outras por raiva, outras por mágoa. E sim, cada um desses sentimentos que são colocados para dentro é porque nos IMPORTAMOS com eles e portanto, tornam-se pesos mortos em nossa bagagem pessoal.
Chamo de peso morto, porque se não nos pertence, só serve para pesar e nos cansar na jornada.
O fato de sentirmos compaixão, amor e nos ocuparmos em pensamentos por uma pessoa, não significa que precisamos IMPORTAR tudo o que essa pessoa carrega, cada um de nós tem sua própria bagagem e portanto, sua própria mochila para carregar.
Fazer-se presente na vida de uma pessoa, ajudá-la, compartilhar um caminho, não necessita que tomemos como nossas, as pedras que são dela.
Caminhar ao lado, é suficiente, estar disponível é a medicina necessária para que essa pessoa ultrapasse suas próprias mazelas e fraquezas. Trazer para dentro o que não é nosso, é ego, pois se nós somos capazes de enfrentar certas situações, não permitir que o outro viva isso, é de alguma forma dizer que ele não é capaz, não que ele é importante para nós.
Importar-se com algo ou alguém, é ter a consciência que vai entrar e vai preencher lugar e pensando dessa forma, com o que nossos espaços estão sendo preenchidos?
O que temos importado?
Será que tudo que importamos, é realmente importante?
Será que tudo o que importamos, é realmente valioso?
Será que tudo o que importamos, é realmente real?
Será que tudo o que importamos, é necessário?
Será que tudo o que importamos, é nosso?
Ou será que nosso ego, anda importando-se demais e colocando pra dentro o que nos afunda!
Importe-se com a leveza!
Importe-se com a beleza!
Importe-se com o amor!
Importe-se com a delicadeza!
Importe-se com a paixão!
Importe-se com a paz!
Exporte, tudo o que não te pertence, inclusive as pessoas que você carrega nos ombros!

SEJAMOS HOJE A MELHOR PESSOA QUE PUDERMOS!
SEJAMOS AMOR EM MOVIMENTO!

06/08/2014




Aceitação é a lição e o aprendizado de sempre

De alguma forma estamos todos perdendo interesse em coisas que antes eram normais, mas que de repente perderam o brilho e lidar com isso sem culpa é complicado, desgasta a energia.
O segredo é a aceitação entregar e deixar seguir porque todo questionamento mostra que não estamos aceitando quem estamos nos tornando, mesmo procurando nos tornar.
Em nossa jornada tudo o que fazemos, todo nosso caminhar, toda nossa busca, é para nos tornarmos melhores, mas a cada degrau que conseguimos subir, questionamos, achamos que estamos "viajando na maionese", ouvimos opiniões alheias, mesmo "tendo a consciência" que não precisamos ouvir, ficamos com medo do que vão dizer a nosso respeito.
Temos medo de ser quem somos, porque outras pessoas podem não nos aceitar!
Quando na realidade, somos nós mesmos que não nos aceitamos, afinal o outro se não quiser, vira a esquina e segue o caminho dele, nós temos de conviver conosco e, não nos aceitar, é como dizer: Eu não te amo!
E se eu não me aceito, porque será que imagino que o outro tem de me aceitar?
Recebemos o que vibramos!
Aceitação! Isso é diferente de comodismo!
Aceitar é saber que nesse agora, você é tudo o que pode e precisa ser, mas que a evolução natural das coisas, vão "permitir" mudar a cada instante, a cada pulsar, portanto no próximo instante, será diferente, sem deixar de Ser você!
Comodismo é quase como conformismo, e isso não nos transforma te paralisa, porque nos prende a uma dimensão mais densa, ou fiamos no meio do caminho, nem lá nem cá, fora do ar!
Precisamos ter coragem para atravessarmos a ponte e para despertarmos o caminho que buscamos, pois sem perceber estamos trilhando nele desde sempre, o que mudou é que nesse instante, a consciência está desperta e sabemos que estamos trilhando um caminho!
Então que deixemos de buscar e aceitamos quem estamos a cada instante, nos tornando, a cada degrau que subimos, a cada ponte que atravessamos, estamos mais perto, não de nos tornar melhores, mas despertos, porque já somos luz, basta que ACEITEMOS isso!

Gratidão pelo aprendizado de hoje!

Gratidão pelas pessoas pontes que habitam meu caminho!

Bom dia VIDA!!!!

Ao aprendermos a agradecer ao invés de reclamar, certamente o dia flui tranquilamente em toda sua plenitude!
Gratidão abre portas, escancara janelas e permite que o sol penetre nos cantos escuros, ainda fechados para a paz.
Agradecer a tudo que chega, nos dá a liberdade e a tranquilidade de passar pelos momentos, sem nos prender à eles, mas aprendendo toda lição que cada um tem para nos dar.
Começar o dia agradecendo o fato de despertar, independente de como o dia está lá fora da janela, porque se há o sol da gratidão dentro do seu coração, o sentimento é imutável, porque a base que sustenta sua gratidão, está dentro!
Seja grato!
Por tudo!
Porque problema, é apenas uma forma de olhar para o prisma da vida de forma distorcida!
Permita-se ver a vida com todas as suas cores e nuances, sem o julgamento de "certo ou errado", "bom ou ruim", mas com a certeza que tudo o que nos chega, é para nosso aprimoramento e crescimento pessoal!
Isso nos torna fortes!
Isso nos torna LUZ!

SEJAMOS HOJE A MELHOR PESSOA QUE PUDERMOS!
SEJAMOS AMOR EM MOVIMENTO!

05/08/2014




Entrevista dada ao portal da Procuradoria Geral da República!

O Portal entrevista a escritora, curadora e benzedeira sobre questões relacionadas ao feminino

por . Maria Emilia B Rossa

O Portal desta semana entrevista Rose Kareemi Ponce sobre o feminino sagrado, feminismo, sociedade patriarcal e vivências da descendente de índios, curadora e benzedeira radicada em São Paulo.

O Portal: Conte-me um pouco de você.

Rose Ponce: Meu nome é Rose Kareemi Ponce, moro em Salesópolis, SP, nascida no pantanal matogrossense. Neta de índia, filha de militar e dona de casa. Cresci brincando na rua, colhendo fruta no pé,
correndo de pés descalços e passando férias em fazenda. Trabalho com o feminino sagrado, lido com a natureza da mulher, com a sabedoria nata de cada uma, com o amor próprio, o autorrespeito. Abraço o ventre dolorido. Sei que sou cura e curadora, sou amor e sou fé. Assim como dou, recebo. Vivo em todas as histórias que escuto e me curo em cada uma delas. Sou nutrida na alma e nutro as que por meu caminho passam. Sou feliz comigo e levo flores por onde passo! Sou apenas o ser que nasci para ser, sem intervenção financeira, sem posses, sem invenções do ser tipo quem não sou ou possuir o que não dou conta. Apenas sou e caminho. Sou mulher, mãe, dona de casa, reikiana e benzedeira. Eu sonho com o dia em que todos nós possamos conviver com respeito entre nossas diferenças, sabendo que isso não nos separa, mas acrescenta ao nosso crescimento

O Portal: Como trabalha a questão do feminino sagrado?

Rose Ponce: O feminino é trabalhado dentro de mim desde que me conheço por gente, pois, desde sempre, convivo com muitas mulheres: mãe, tias, avós, vizinhas mais velhas, amigas e outras. Apenas percebemos que estamos sendo trabalhadas, ou lapidadas em nossa essência, quando ficamos mais velhas e deixamos de questionar demais, aprendendo a ver tudo conforme acontece, sem expectativas.
Com o tempo percebi que sempre fui direcionada à compreensão do universo feminino, seja através da aceitação dos meus ciclos menstruais, por minha natureza emotiva, seja por minha capacidade de compreensão do universo como célula primária da vida. Trabalhar o universo feminino, para mim, foi apenas me permitir ser a essência mutante, a água que corre a emoção que flui, sem que haja julgamentos.
Trabalhar o feminino é ser acolhimento, é respeitar-se, é não querer ser igual ao homem, mas ter respeito por mim e trilhar minha própria estrada, imprimindo ao chão as minhas pegadas.

O Portal: Conte sobre as vivências que teve com o feminino sagrado.

Rose Ponce: Tive inúmeras vivências nessa jornada com o feminino sagrado e muitas me marcaram, porque me trouxeram aprendizados que me fizeram penetrar na minha própria jornada. Gosto de lidar com emoções profundas, com feridas que as mulheres pensam nunca serem capazes de permitir que cicatrizem, auxiliando para que transcendam o campo do sofrimento e penetrem em um campo mais profundo, que é o do aprendizado. Em todos os encontros com mulheres que participo, seja como condutora ou como conduzida, há sempre relatos muito próximos. Há histórias parecidas de mulheres que, de uma forma ou de outra, foram tolhidas, podadas, julgadas, molestadas, abusadas, sexual ou psicologicamente. Em cada vivência, anexei em meu currículo incontáveis lições, inenarráveis histórias de superação, de crescimento, nas quais mulheres, antes abusadas e subjugadas, através do simples ato do dividir experiências de dor e sofrimento, conseguiram o bálsamo para a cura de suas próprias dificuldades. Nós temos a capacidade ou dom, como queiram, de produzir naturalmente, quando reunidas, o hormônio do amor - a ocitocina, também produzido durante o parto. O hormônio que nos permite criar um elo com o próximo. Sinto que é essa nossa natural capacidade, que faz com que, nós mulheres, sejamos tão capazes de amar, perdoar e termos compaixão com nossos semelhantes! Minha vivência com o feminino foi acontecendo e sinto que, apenas assim, todas nós conseguiremos sair do padrão patriarcal de vida, para seguirmos nossa própria natureza!

O Portal: Por que está - ou parece estar - complicado o relacionamento nos dias de hoje?

Rose Ponce: Sinto que os relacionamentos estão complicados porque seguimos um padrão ilusório, onde meninas são princesas e meninos príncipes “que as salvam” de todos os males da humanidade.
Fomos criadas no sistema do patriarcado e, portanto, por termos sido podadas, seguimos a visão do masculino, onde as meninas são criadas para serem ou a gata borralheira que limpa e cuida maternalmente
do seu homem, ou o a guerreira, que não aceita conviver com o homem que se apresenta, ou seja, o provedor, o cuidador, o "chefe de família". Vivemos em um conflito grande de comportamento. As mulheres se perdem entre o desejo de liberdade e a realização natural, podendo ter as duas coisas. Nós sonhamos com príncipes encantados porque fomos ensinadas que somos princesas e isso ainda é transmitido às novas gerações. Ensinamos nossas filhas que não há decepções, porque princesas são perfeitas, vivem uma vida perfeita, relacionamentos perfeitos, em uma casa perfeita. Nos afastamos da realidade, ou seja, que não há relações perfeitas, porque não somos perfeitos. As vidas somente terão significado quando nos aceitarmos como somos, e não como participantes de um conto de fadas. As relações têm tudo para dar certo quando, simplesmente, reconhecermos como somos e onde estamos, construindo algo a partir desse ponto, liberando o que passou, sem comparações e abandonando antigos padrões.

O Portal: Fale um pouco da sua percepção das linguagens feministas e machistas e sua implicação nos pensamentos e sentimentos de homens e mulheres.

Rose Ponce: A linguagem feminista nos dias de hoje continua seguindo o mesmo padrão de quando se iniciou o movimento e sempre dentro de uma visão pessoal. Sinto hoje ser uma forma arcaica de se manter. Explico: quando o movimento feminista começou, nós mulheres não tínhamos nenhum outro exemplo a seguir, do que pensávamos ser liberdade, senão o masculino. Não tínhamos nenhum exemplo a copiar, senão o dos homens, que podiam fazer de tudo, dentro de um comportamento masculino. Começamos nossa revolução pedindo igualdade, coisa que nunca teremos. Começamos a jornada em busca de nós mesmas a partir de um padrão que não era nosso, mas que era o único que tínhamos naquela momento. Não sou contra o que o movimento feminista nos trouxe: a liberdade que temos hoje de escolher nossos maridos, se vamos ou não ter filhos, se vamos ou não casar. Proporcionou-nos o direito ao voto, ao ingresso na universidade e outros direitos, mas o que hoje eu questiono é se precisamos manter a mesma postura inflexível e dura, que foi exatamente onde o masculino se equivocou. Hoje aceitamos que a competição e a luta por posses é o caminho do “sucesso”, e ensinamos isso aos nossos filhos. Sinto que feminismo, hoje, não é me colocar como melhor, maior ou com mais força ou sacralidade do que o homem, mas reconhecer que somos energias que se nutrem mutuamente e que, portanto, devem caminhar juntas. Não podemos entrar na mesma frequência de disputa por poder, status, falsas ideologias, mas podemos nos colocar como portais de almas que chegam para cumprir a missão que cada uma tem, sendo complementares. Precisamos compreender que cada homem nasceu de uma mulher que o aceitou em si e que pode ou não contribuir para a permanência das crenças do patriarcado ou
pela liberação desses antigos padrões. Sinto que todos nós necessitamos sair de conceitos e preconceitos e acessarmos dentro de nosso interior tudo o que não queremos mais em nossas vidas e, realmente,
nos libertarmos, deixando para trás tudo o que nos leva ao julgamento de si ou do outro. Precisamos, efetivamente, nos perceber como companheiros de viagem e, acima de tudo, que estamos aqui para aprender e crescer.

“A grande viagem da vida é saber-se amor”.

02/08/2014











Pele de Foca, Pele da Alma

Houve um tempo, que passou para sempre e que irá logo estar de volta, em que um dia corre atrás do outro, de céus brancos, neve branca e todos os minúsculos pontinhos escuros ao longe são pessoas, cães, ou ursos.
Nesse lugar, nada viceja gratuitamente. Os ventos são fortes, e as pessoas se acostumaram a trazer consigo seus parkas, mamleks e botas, já de propósito. Nesse lugar, as palavras se congelam ao ar livre, e frases inteiras precisam ser arrancadas dos lábios de quem fala e descongeladas junto ao fogo para que as pessoas possam ver o que foi dito. Nesse lugar, as pessoas vivem na basta cabeleira da velha Annuluk, a avó, a velha feiticeira que é a própria Terra. E foi nessa terra que vivia um homem, um homem tão solitário que, com o passar dos anos, as lágrimas haviam aberto fundos abismos no seu rosto.
Ele tentava sorrir e ser feliz. Ele caçava. Colocava armadilhas e dormia bem. No entanto, sentia falta de companhia. Às vezes, lá nos bancos de areia, no seu caiaque, quando uma foca se aproximava, ele se lembrava de antigas histórias sobre como as focas haviam um dia sido seres humanos e como o único remanescente daqueles tempos estava nos seus olhos, que eram capazes de retratar expressões, aquelas expressões sábias, selvagens e amorosas. Às vezes ele sentia nessas ocasiões uma solidão tão profunda que as lágrimas escorriam pelas fendas já tão gastas no seu rosto.
Uma noite ele caçou até depois de escurecer, mas sem conseguir nada. Quando a lua subiu no céu e as banquisas de gelo começaram a reluzir, ele chegou a uma enorme rocha malhada no mar e seu olhar aguçado pareceu distinguir movimentos extremamente graciosos sobre a velha rocha.
Ele remou lentamente e com os remos bem fundos para se aproximar, e lá no alto da rocha imponente dançava um pequeno grupo de mulheres, nuas como no primeiro dia em que se deitaram sobre o ventre da mãe. Ora, ele era um homem solitário, sem nenhum amigo humano a não ser na lembrança — e ele ficou ali olhando. As mulheres pareciam seres feitos de leite da lua, e sua pele cintilava com gotículas prateadas como as do salmão na primavera. Seus pés e mãos eram longos e graciosos.
Elas eram tão lindas que o homem ficou sentado, atordoado, no barco, e a água nele batia, levando-o cada vez mais para junto da rocha. Ele ouvia o riso magnífico das mulheres... pelo menos elas pareciam rir, ou seria a água que ria às margens da rocha? O homem estava confuso, por se sentir tão deslumbrado. Entretanto, dispersou-se a solidão que lhe pesava no peito como couro molhado e, quase sem pensar, como se fosse seu destino, ele saltou para a rocha e roubou uma das peles de foca ali jogadas. Ele se escondeu por trás de uma saliência rochosa e ocultou a pele de foca dentro do seu qutnquq, parka.
Logo, uma das mulheres gritou numa voz que era a mais linda que ele já ouvira... como as baleias chamando na madrugada... ou não, talvez fosse mais parecida com os lobinhos recém-nascidos caindo aos tombos na primavera... ou então, não, era algo melhor do que isso, mas não fazia diferença porque... o que as mulheres estavam fazendo agora?
Ora, elas estavam vestindo suas peles de foca, e uma a uma as mulheres-focas deslizavam para o mar, gritando e ganindo de felicidade. Com exceção de uma. A mais alta delas procurava por toda a parte a sua pele de foca, mas não a encontrava em lugar nenhum. O homem sentiu-se estimulado — pelo quê, ele não sabia. Ele saiu de trás da rocha, dirigindo um apelo a ela.
— Mulher... case-se... comigo. Sou um... homem... sozinho.
— Ah — respondeu ela. — Eu não posso me casar, porque sou de outra natureza, pertenço aos que vivem temeqvanek, lá embaixo.
— Case-se... comigo — insistiu o homem. — Em sete verões, prometo lhe devolver sua pele de foca, e você poderá ficar ou ir embora, como preferir.
A jovem mulher-foca ficou olhando muito tempo o rosto do homem com olhos que, se não fossem suas origens verdadeiras, pareciam humanos.
— Irei com você — disse ela, relutante. — Dentro de sete verões, tomaremos a decisão.
E assim, com o tempo, tiveram um filho a quem deram o nome de Ooruk. A criança era ágil e gorda. No inverno, a mãe contava a Ooruk histórias de seres que viviam no fundo do mar enquanto o pai esculpia um urso em pedra branca com uma longa faca. Quando a mãe levava o pequeno Ooruk para a cama, ela lhe mostrava pelo buraco da ventilação as nuvens e todas as suas formas. Só que, em vez de falar das formas do corvo, do urso e do lobo, ela contava histórias da vaca-marinha, da baleia, da foca e do salmão... pois eram essas as criaturas que ela conhecia.
No entanto, à medida que o tempo foi passando, sua pele começou a ressecar. A princípio, ela escamou e depois passou a rachar. A pele das suas pálpebras começou a descascar. O cabelo da sua cabeça, a cair no chão. Ela se tornou naluaq, do branco mais pálido. Suas formas arredondadas começaram a definhar. Ela procurava esconder seu caminhar claudicante. A cada dia seus olhos, sem que ela quisesse, iam ficando mais opacos. Ela passou a estender a mão para tatear porque sua vista estava escurecida.
E as coisas iam dessa forma até uma noite em que o menino Ooruk despertou ouvindo gritos e se sentou ereto nas cobertas de pele. Ele ouviu um rugido de urso, que era seu pai repreendendo a mãe. Ouviu, também, um grito como o da prata que ressoa com uma pedra, que era sua mãe.
— Você escondeu minha pele de foca há sete longos anos, e agora está chegando o oitavo inverno. Quero que me seja devolvido aquilo de que sou feita — gritou a mulher-foca.
— E você, mulher — vociferou o marido. — Você me deixará se eu lhe der a pele.
— Não sei o que eu faria. Só sei que preciso daquilo a que pertenço.
— E você me deixaria sem mulher, e a seu filho, sem mãe. Você é má.
Com essas palavras, o marido afastou com violência a pele da porta e desapareceu noite adentro.
O menino adorava a mãe. Ele tinha medo de perdê-la e, por isso, chorou até dormir... só para ser acordado pelo vento. Um vento estranho... que parecia chamá-lo.
— Oooruk, Ooorukkkk.
Ele pulou da cama, tão apressado que vestiu o parka de cabeça para baixo e só puxou os mukluks até a metade. Ao ouvir seu nome chamado insistentemente, ele saiu correndo na noite estrelada.
— Ooooooorukkk.
O menino correu até o penhasco de onde se via a água e lá, bem longe no mar encapelado, estava uma foca prateada, imensa e peluda... Sua cabeça era enorme. Seus bigodes lhe caíam até o peito. Seus olhos eram de um amarelo forte.
— Ooooooorukkk.
O menino foi descendo o penhasco de qualquer jeito e bem junto à base tropeçou numa pedra, não, numa trouxa, que rolou de uma fenda na rocha. O cabelo do menino fustigava seu rosto como milhares de açoites de gelo.
— Ooooooorukkk.
O menino abriu a trouxa e a sacudiu: era a pele de foca da sua mãe. Ah, ele sentia seu perfume na pele inteira. E, enquanto mergulhava o rosto na pele de foca e respirava seu cheiro, a alma da mãe penetrava nele como um súbito vento de verão.
— Ah — exclamou ele com alegria e dor, e levou novamente a pele ao rosto.
Mais uma vez, a alma da mãe passou pela dele. — Ah!!! — gritou ele de novo, porque estava sendo impregnado pelo amor infindo da mãe.
E a velha foca prateada ao longe mergulhou lentamente para debaixo d'água.
O menino escalou o penhasco, voltou correndo para casa com a pele de foca voando atrás dele e se jogou para dentro de casa. Sua mãe contemplou o menino e a pele e fechou os olhos, cheia de gratidão pelo fato de os dois estarem em segurança. Ela começou a vestir sua pele de foca.
— Ah, mãe, não! — gritou o menino. Ela apanhou o menino, ajeitou-o debaixo do braço e saiu correndo aos trambolhões na direção do mar revolto.
— Ai, mamãe, não me abandone! — implorava Ooruk. E logo dava para se ver que ela queria ficar com o filho, queria mesmo, mas alguma coisa a chamava, algo que era mais velho do que ele, mais velho do que ela, mais antigo que o próprio tempo.
— Ah, mamãe, não, não, não — choramingou a criança. Ela se voltou para ele com uma expressão de profundo amor nos olhos. Segurou o rosto do menino nas mãos e soprou para dentro dos pulmões do menino seu doce alento, uma vez, duas, três vezes. Depois, com o menino debaixo do braço como uma carga preciosa, ela mergulhou bem fundo no mar e cada vez mais fundo. A mulher-foca e seu filho não tinham dificuldade para respirar debaixo d'água.
Eles nadaram muito para o fundo até que entraram no abrigo subaquático das focas, onde todos os tipos de criaturas estavam jantando e cantando, dançando e conversando, e a enorme foca prateada que havia chamado Ooruk de dentro do mar da noite abraçou o menino e o chamou de neto.
— Como você está se saindo lá em cima, minha filha? — perguntou a grande foca prateada.
A mulher-foca afastou o olhar e respondeu.
— Magoei um ser humano... um homem que deu tudo para que eu ficasse com ele. Mas não posso voltar para ele, porque, se o fizer, estarei me transformando em prisioneira.
— E o menino? — perguntou a velha foca. — Meu neto? — Ele estava tão orgulhoso que sua voz tremia.
— Ele tem de voltar, meu pai. Ele não pode ficar aqui. Ainda não chegou o seu tempo de ficar conosco. — Ela chorou. E juntos eles choraram.
E assim passaram-se alguns dias e noites, exatamente sete, período durante o qual voltou o brilho aos cabelos e aos olhos da mulher-foca. Ela adquiriu uma bela cor escura, sua visão se recuperou, seu corpo voltou às formas arredondadas, e ela nadava com agilidade. Chegou, porém, a hora de devolver o menino à terra. Nessa noite, o avô-foca e a bela mãe do menino nadaram com a criança entre eles. Vieram subindo, subindo de volta ao mundo da superfície. Ali eles depositaram Ooruk delicadamente no litoral pedregoso ao luar.
— Estou sempre com você — afiançou-lhe sua mãe. — Basta que você toque algum objeto que eu toquei, minhas varinhas de fogo, minha ulu, faca, minhas esculturas de pedra de focas e lontras, e eu soprarei nos seus pulmões um fôlego especial para que você cante suas canções.
A velha foca prateada e sua filha beijaram o menino muitas vezes. Afinal, elas se afastaram, saíram nadando mar adentro e, com um último olhar para o menino, desapareceram debaixo d'água. E Ooruk, como ainda não era a sua hora, ficou.
Com o passar do tempo, ele cresceu e se tornou um famoso tocador de tambor, cantor e inventor de histórias. Dizia-se que tudo isso decorria do fato de ele, quando menino, ter sobrevivido a ser carregado para o mar pelos enormes espíritos das focas. Agora, nas névoas cinzentas das manhãs, ele às vezes ainda pode ser visto, com seu caiaque atracado, ajoelhado numa certa rocha no mar, parecendo falar com uma certa foca fêmea que freqüentemente se aproxima da orla. Embora muitos tenham tentado caçá-la, sempre fracassaram. Ela é conhecida como Tanqigcaq, a brilhante, a sagrada, e dizem que, apesar de ser foca, seus olhos são capazes de retratar expressões, aquelas expressões sábias, selvagens e amorosas.


Mulheres Que Correm Com Os Lobos
Mitos e Histórias dos Arquétipos da Mulher Selvagem
Clarissa Pinkola Estés