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02/01/2013




FALSOS MESTRES


Não confio em ti
Porque tua voz, embora entoada docemente,
soa como grito aos meus ouvidos.
Me grita a tua audácia em pensar que me conheces
mais do que eu mesma, apesar de teres me visto tão pouco
e me escutado menos ainda.

Não confio em ti
Porque ao teu lado não há troca, há imposição.
Tu impões teus conceitos, tuas crenças
E me analisas como se eu fosse um objeto estanque,
sem direito a fala, a divergências, a opinião própria.

Pensas que me enxergas com os olhos da alma,
mas o que chega até mim não é teu amor,
e sim tua pretensão em auxiliar cada ser que de ti se aproxima
como se tu mesmo não necessitasse de ajuda.

Não confio em ti
Porque tua aparente calma não é calma: é controle.
Cada palavra parece ensaiada para me tocar fundo
E exatamente por isso é que não me toca.
Sabes intuir e te orgulhas do que és capaz de 'receber' ou 'curar'
Mas nada sabes a respeito do que sinto.
Eu não te abri esta porta.

Não consegues ouvir, apenas falar, sem pausa
E te colocas em posição de meu mestre sem que eu tenha te elegido como tal.
Tu traças um julgamento pobre a meu respeito sem me ouvir
E, depois, me falas em amor e luz.
Mas não há prece, cristais e imagens sagradas
que substituam o respeito verdadeiro.

Podes encher tua casa e tua boca com orações prontas ou intuídas
Mas nenhuma palavra vinda de ti me convencerá
Enquanto eu não enxergar em tua vida
o exemplo concretizado daquilo que pregas.

Mesmo se o mundo te amasse
ainda assim, eu te consideraria uma farsa.
Antes de pretenderes ser meu mestre,
faça um bem para a humanidade: cuida de ser mestre de ti mesmo.
Pára de investigar a vida alheia para não olhar a tua.
As pessoas sábias conseguem silenciar
e compreender que somente a vida é capaz de ensinar com maestria.
(Juliana Davi)

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