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27/12/2016




A discípula perguntou à sua mestra:
- Mestra, porque sinto tanta saudade de casa? As vezes a noite me pego olhando as estrelas e chorando de saudades. Será que nasci lá?
A mestra olhando profundamente para aquela menina diz:
Onde você está?
A menina responde: Aqui na sua frente mestra.
Eu sei que você está aqui, mas você sabe?
Claro que sei mestre.
Então porque sente saudades de casa, aonde você mora?
Moro com a senhora mestra, mas sinto saudade de um lugar, que nem mesmo sei onde é, porque também sinto saudades da minha mãe, do meu pai, dos amigos e irmãos. Mas é diferente.
Você convive comigo, mas não deveria ser sua casa essa. Sua casa é muito particular e apenas sua. É onde você deve guardar seus melhores e mais belos sentimentos, suas mais belas lembranças.
Já sei, disse a discípula, minha casa é onde está meu coração?
Não filha, sua casa não é onde está seu coração. Aonde apontar seu coração é pra lá que deve seguir. Mas não é lá que estará sua casa.
Feche os olhos, respire fundo e deixe o ar entrar por sua narinas suavemente, como uma carícia divina a aconchegar seus pulmões e oxigenar suas células, sinta o silêncio. Sinta-o até poder ouvi-lo em você, dentro de você.
Agora ouça o tambor que vou tocar e sinta o som penetrando seu corpo, sua alma, seu espírito. Sinta-o até ouvi-lo dentro de você. Ai é sua casa.
Uma lagrima desceu dos olhos da discípula e ela então falou:
Entendi mestra!
Minha casa não está no coração.
Minha casa É o coração.
Isso mesmo disse a mestra. E ai você deve guardar apenas as coisas boas da vida. O sorriso de seus amigos, a lembrança do abraço de sua mãe e do olhar de seu pai. É no coração que as pessoas guardam tudo de melhor na vida, como os quadros e fotografias que enfeitam paredes das residências, as lembranças enfeitam paredes da nossa casa, porque ali habita também nossa alma, ali no coração é a casa e, quando sentimos saudade de algum lugar que não sabemos, é porque não estamos nos sentindo em casa, estamos fora de nós, fora de casa e ficamos depressivos, tristes e sem vida.
Onde não há coração, não há casa e onde não há casa, não há vida!
Permita-se entrar em sua própria casa, conhece-la, enfeitá-la com as melhores lembranças de você e de todas suas relações e assim, somente assim, quando conhecer Sua Casa, honrará todas as outras casas, pois terá a consciência de que lá, habita o sagrado de cada UM.
Por todas suas relações!
Por todas nossas relações!
Assim, a discípula levantou-se e sorriu. Sentiu-se em casa.

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