Há várias versões de mim mesma nos multiversos...mas todas são Vida que pulsa.
Ainda que esteja rastejando, trocando de pele...ainda que esteja arrancando o bico, as penas, as garras...
Ainda que esteja sem pele, sem ar, e que me falte a terra sob os pés...
Há vida!
Há vida nas palavras soltas no ar.
Há vida nas lágrimas que correm rosto abaixo, lavando a alma e levando as pedras que juntei na mochila....
Há vida!
Há vida nos porões escondidos do coração, onde as dores sozinhas gritam acorrentadas ao nada...livres sem a consciência da liberdade.
Há vida!
Há tanta vida nos pés cansados da jornada, nos calos doloridos...há vida nas histórias que eles traçaram.
Há vida!
Há vida no útero que hoje não mais sangra, mas tornou-se cofre sagrado dos tesouros do saber.
Há vida!
Há vida nos olhos que insistem em não perder o brilho e o encantamento quase pueril, há vida em toda paisagem vista e nas que ainda meus olhos descobrirão, ao retirarem o véu da ilusão da morte.
Há vida mesmo nela!
Há vida na formosura de uma flor...mesmo na que se despetala ao solo..
Há vida!
Há vida no romper do cordão umbilical...
Há vida!
Há vida nas canções de amor!
Há vida no romper da Aurora e no bailar do sol ao se por no horizonte!
Há vida!
Há vida nas mãos que se estendem e nas que recebem!
Haja vida para viver todas as vidas que insistem em viver em mim...
Há vida!
Rose Kareemi Ponce