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16/04/2012

por Ana Paula Malagueta Gondim

O universo feminino é uma teia de deusas, mitos, mudanças e acima de tudo, um fluxo inesgotável de ciclos e transformações. Como as fases da lua, as mulheres estão em constante renovação. Desde a menarca até a menopausa, há um mundo desconhecido a ser descoberto e acima de tudo a ser compreendido. Muito do que vivemos e sentimos como mulheres é mal entendido e muitas vezes, mal-interpretado pelos outros e até mesmo por nós mesmas.


A conscientização de que precisamos nos recolher em uma ‘concha’ simbólica de tempos em tempos, é o ponto de partida inicial para aprender a se ouvir e acima de tudo a se respeitar. Criando assim uma rede interna e externa de apoio e entendimento. De esclarecimentos e aceitação. Acolher e abraçar todas as nossas fases. Entender as mudanças e aceitá-las como parte inevitável da maravilha que é ser mulher. Conhecer o desconhecido útero, não somente para as que receberam à benção da maternidade, mas todas, sem exceção. Entender nossos hormônios, mudanças internas e nos inserir no mundo atual – excessivamente yang (masculino), de forma a não perdermos nossa essência yin (feminina).

Que maravilha não seria, se todas pudéssemos abraçar o nosso lado frágil e descobri que é este mesmo lado, frágil e feminino, é que faz de nós mulheres seres fortes e cheios de potencialidades mal descobertas.

Possamos então, mergulhar dentro de nós, agora e sempre que nosso corpo nos avisar essa necessidade. Os sinais de desequilíbrio ou a aparição de um sintoma é o aviso de que algo não vem indo bem. Talvez recentemente, talvez há tempos. O importante é olhar. Dar-se esse olhar. Permitir o desabrochar dessa nova mulher, que jazia escondida por detrás de uma vida desconectada e fragmentada.

Uma vida perfumada. Uma vida que muito mais do que resolver um desconforto apenas temporariamente, nos permite mergulhar em nossas profundezas e conhecer nossas sombras. Lidar com arquétipos que rondam às mulheres há séculos e restituir nossa individualidade. Nossa confiança e voz interior.

A nossa intuição só irá se fortalecer com a utilização de meios naturais (yoga, dança, massagem, florais, aromas) para o restabelecimento da nossa comunicação interior perdida. Nosso corpo se fortalecerá. A alegria de viver e a plenitude de uma vida mais equilibrada e feminina irão resgatar a tão perdida paz e plenitude, que nos é de direito, por sermos seres iluminados e filhos da Unidade, que é o Supremo.

Juntas, mergulharemos no infinito e com o apoio devido, encontraremos formas naturais de lidar com as diferentes nuances e avisos que nossos corpo-mente-espírito nos enviarem de mensagens, quando o desequilíbrio fizer-se presente.

Iniciemos então, nossa bela caminhada por um dos jardins mais floridos de toda existência. Que o jardim da nossa alma possa se transformar em um jardim do Éden, e que nossas vidas possam exalar os cheiros e nos transformar em agentes de transformação. E que nosso crescimento e mudanças, produzam lindos frutos em todos ao nosso redor.

Conhecendo seu útero

Na tradição taoísta, o útero é chamado de palácio celestial e, para a mulher pode ser a porta para o paraíso ou para o inferno. Na tradição chinesa, é chamado de “O mar de sangue”, “A câmara de sangue”, “O palácio protegido” ou “O palácio celestial”. O útero é a parte principal do corpo da mulher, na qual as emoções negativas tendem a se concentrar e ficar armazenadas durante anos, prejudicando todo o organismo. (Piontek, Maitreyi. 1998)

Hoje, quando pergunto às mulheres se já pararam algum minuto de suas vidas e sentiram os seus úteros, muitas me olham com choque ou até certo divertimento. Àquelas que já foram mães e passaram pela experiência do parto normal ou natural, essas sim, sentiram seus úteros em sua totalidade. Às que nunca passaram por essa experiência, talvez nunca tenha ouvido seus úteros. O pior, é que para muitas, só vão descobrir o quanto seu útero é triste e infeliz quando algo ‘físico’ se mostra. Muitas mulheres só vão descobrir que algo errado vem acontecendo com seu útero e sua feminilidade quando descobrem um mioma, um câncer, uma endometriose, ou o que mais cresce nos tempos modernos, a dificuldade em conceber.

Primeiro, precisa-se reconhecer o fato que o útero é um órgão de grande sensibilidade. E, como Maitreyi sabiamente aponta em Desvendando o Poder Oculto da Sexualidade Feminina, a sensualidade é a condição natural do útero, que pode ser um lugar de grande aconchego e segurança. Mas, se não estiver bem, vibrando com vida, pode ser uma ameaça para as mulheres. Podemos nos desconectar dele e, inconscientemente, fazer o possível para não entrarmos em contato com ele. Nesse nível baixo de energia, o útero se torna um vácuo para o coletivo, absorvendo o negativo como uma esponja. Fica completamente carregado com todos os tipos de sensações e emoções desagradáveis e indefinidas.

Depois, precisa-se criar um espaço, um momento para se sentar e então, sentir seu útero. Entrar em contato com a história impregnada em cada célula. E, acima de tudo, procurar entender todos os sintomas já vividos, principalmente em sua sexualidade. Sejam eles novos ou antigos. Acima de tudo, acolhendo-se e perdoando-se, promovendo assim a verdadeira cura, que vem da reconciliação da mulher com esse lugar tão importante e especial e com sua feminilidade sagrada.

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