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22/09/2015








Queria ser árvore, não por suas raízes, essas não me apetecem.
Queria ser árvore para fazer sombra aos viajantes cansados.
Para que minhas folhas voassem com o vento, em paisagens ainda desconhecidas e assim, tocar as mãos dos seres irmãos, distantes pela imensidão dessa nave.
Queria ser árvore, para acolher ninhos e ouvir pássaros enamorados com seus cantos sagrados, chamando suas noivas e saudando as estações, cuidando depois de suas crias.
Queria ser árvore doar meus frutos a todos os seres e cobrar somente um abraço, em meu tronco!
Queria ser árvore, para espreguiçar ao alto meus galhos, tocando o céu, chegando até a lua, em noite clara.
Queria ser árvore para que em mim guardasse a sabedoria do rei, o tempo, senhor das memórias e em meus anéis contasse os anos, mas que ainda assim, meu maior presente, fosse o presente de estar viva.
Queria ser árvore e viver nas florestas sagradas, onde fadas encantadas batessem suas asas e num rezo multicor atraíssem estrelas e corujas das mais sábias, ensinando os segredos das noites enluaradas.
Queria ser árvore e em meus ouvidos atentos o sabiá me soprasse: chegou a primavera, floresça!

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