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24/02/2016



Era uma vez uma sementinha, que havia sido colocada na terra fofa, úmida e acolhedora e sentia um sono profundo, uma vontade de cochilar um pouquinho. Então pegou no sono e sonhou que dela nascia um "braço", que se esticava para sair daquele lugar, do " conforto " de sua cama. Quanto mais ela se esforçava, mais o braço crescia e chegava cada vez mais perto de sair. Até que ela se rendeu ao sono mais profundo que ela em sua tenra idade conheceu, e nesse sonho veio um clarão, então ela despertou broto, esquecendo que um dia semente, apesar de nunca deixar de ser.
Esse broto se alongou, se abriu em folhas reluzentes, feliz mostrava sua formosura ao sol, banhava-se com a chuva, sonhava sobre as estrelas e contava o tempo pelo luar. Um dia bem cedinho, quando o sol preguiçosamente despertava, ele o broto, percebeu algo estranho em seu "corpo", uma pontinha branca apareceu ele sabia que era um sinal. Ele precisava continuar seu caminho, ele não poderia mais adiar e ele sentiu medo. Um terrível medo do inevitável.
E como inevitável foi, o broto crescera e em um belo anoitecer sob a luz da Lua cheia, floresceu, e já não mais se lembrava que fora semente e broto, sem nunca deixar de ser.
E como flor perfumou caminho, enfeitou olhares, iluminou sorrisos. Pétalas brancas como SORRISO inocente de criança, alongou-se em várias direções, erguendo-se em busca do sol! Margarida era seu nome. Uma entre muitas Margaridas, mas isso não importava porque sabia que ela era tão bela e importante quanto todas as outras ao seu lado e queria apenas balançar ao Vento de outono suas pétalas, mas não sem antes sussurrar em suas entranhas: que sejam sementes boas, que levem consigo o amor, que perfumem caminhos, que enfeitem olhos, que levem beleza aos corações!
Enquanto lançava as primeiras sementes pelos férteis solos de sua morada, suas pétalas eram lançadas ao vento e então margarida notou que não poderia brigar com o inevitável.
Despetalou-se toda e então uma paz se apresentou e margarida esqueceu que era margarida e virou pó, sem deixar de ser semente, sem deixar de ser broto, sem deixar de ser flor, mas aprendendo a nada ser, para renascer semente.

Um comentário:

  1. E dunha beleza esta prosa poética que me fai sentir. Igual que ela a sensación de que non sou nada, que nada hai en min.

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