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23/10/2017




O fogo queima a flor
Queima o beija flor
O fogo queima o tronco
Leva consigo a folha
Deixa no lugar, a dor

Chapada pede socorro
Chapada grita por nós

O fogo queima o bicho
Deixa filhotes sem lar
Tira a pele da cobra
Antes do tempo de trocar

Chapada pede socorro
Chapada grita por nós

Lambidas no chão
Labaredas no ar
Chicotadas ardidas
Marcas que ficam na vida

Feridas que custam sanar

Chapada pede socorro
Chapada grita por nós

Mãe terra perdoa nossa
Arrogância disfarçada
De ignorância tosca
Somos responsáveis por isso
Na falta de ação acumulada
E no descuido com nossa casa

Chapada pede socorro
Chapada grita por nós



Que bons ventos soprem

Nuvens pesadas no ar

Levando gotas sagradas

De águas para curar

A terra que hoje arde

Mas não tarda a se manifestar



Chapada pede socorro



Chapada grita por nós




Rose Kareemi Ponce

20/10/2017







As pessoas as vezes, pensam que por seguirmos um caminho espiritual, precisamos nos manter longe, feito monges, de toda a "revolução" e "evolução" que está acontecendo no planeta, como se estivéssemos em um mundo ou dimensão a parte e principalmente, como se não tivéssemos nenhuma responsabilidade sobre esse mesmo planeta, acreditando que apenas "a ordem natural das coisas" vai trazer como um meteoro caído do céu, as mudanças e elas acontecerão assim, como num passe de mágica.
Não querem falar sobre política dizendo que não gostam de política, não querem se "misturar" com as decisões que podem mudar o futuro de muitos, senão de todos nós. Política é tudo o que fazemos no dia a dia. Nossas relações pessoais, a forma como lidamos com o mundo, como resolvemos nossos problemas, são questões políticas, precisamos compreender isso. Mas, não querermos saber sobre o "sistema de governo" nos torna coniventes com toda a expressão de ódio, separatismo e quebra de direitos que nos aflige.
O que não podemos, sendo conscientes desse caminho que trilhamos para nossa evolução, é termos atitudes iguais e/ou parecidas com as pessoas que disseminam as sementes que hoje tem tido prioridade nas mídias: medo, ódio, vingança, preconceito, vergonha e culpa.
O que podemos fazer para sermos realmente úteis na mudança é termos comportamentos absolutamente diferentes da maioria ou nada será realmente mudado. Ao falarmos dos nossos governantes e pessoas que estão dentro da matrix, se comportando ainda como se fossem senhores de engenho, muitas vezes vestidos de "coach de empoderamento feminino", outras vezes vestidos em pele de cordeiro e nos dizendo: não precisa "Temer" nada...na tentativa de nos fazer crer que está tudo bem...não estando.
Quando eu pessoalmente, falo sobre algum político, ainda que seja dos piores, não tenho ódio em meu coração, não sinto raiva, não desejo mal, assim como não desejo mal a ninguém, mesmo os que posto aqui em total desaprovamento. Desejar mal me faria igual, desejar mal acho até que me faria pior, pois estaria cobrando algo que mesmo eu exercito com deveras dificuldades em certos momentos, que é a capacidade de caminhar no amor. Sim caminhar no amor, afinal somente quem caminha no amor compreende que usar de seu "poder" sobre o outro para humilhá-lo, não é positivo, somente quem caminha no amor tem a consciência de que escravidão, não é do bem, somente quem caminha no amor sabe que nem bicho deveria comer ração quanto mais uma criança, somente quem caminha no amor sabe que criticar e chamar a atenção não significa desejar a morte, ou que a pessoa tenha um câncer, um mau súbito. Quem caminha no amor não deseja ter arma na cintura, não apóia tortura, não dá voz a violência. Quem caminha no amor lança a seta para mostrar o alvo, que são os comportamentos que precisamos mudar para que possamos mudar o mundo, não o contrário. Não mudaremos o mundo para mudarmos nosso comportamento, a terra não sobreviveria a nós.
Quando eu, aponto algo que não concordo, não há ofensas e é apenas um "achismo" pessoal. Não há partidarismo, há certamente um forma de ver o mundo, que mais certamente ainda, não é como politicamente falando a direita o vê, mas certamente não há partidos envolvidos nesse pensamento, há antes disso um desejo de que todos os seres possam caminhar igualmente sobre esse solo que nos sustenta. Pois vejo e sinto a todos, como irmãos feitos da mesmíssima matéria prima!
Rezo por todos eles, ainda que não concorde, porque não me submeteria a descer degraus por nada e essa é a missão que assumi na vida. Se posso fazer algo efetivo é rezar, mas não deixaria de mostrar essas falhas dentro da nossa sociedade, pois apenas quando se vê a rachadura na parede é que se pode consertá-la. Não fazer nada é fortalecer a grande massa sombria, é se fingir de consciente e evoluído. Não há mudança sem ativismo, sem chacoalhar, sem mexer muito. Se nós que somos microcosmos precismos ser chacoalhados e muito para despertarmos, porque pensamos que seria diferente no que diz respeito ao coletivo humano?
Há que se chacoalhar e muito as cabeças para que as velhas idéias e velhos dogmas possam dar espaço ao novo tempo, a nova dimensão, ao novo mundo.
Precisamos sair da inércia e da posição de bebê conforto. Botar pés na terra e caminhar...somente assim NÓS mudaremos o mundo.
Mas, ficarmos no sofá, fingindo que está tudo lindo e não querendo falar sobre política, tem nos levado à Bolsonaro, Temer, Aécio, Cunha, Malafaia, Universal, etc....
Bora parar de fingirmos espiritualidade e amor, pois ambos são ação, ambos são pelo e para o outro: sabe a coisa do "amai ao próximo como a ti mesmo"? então...não funciona somente no natal, quando nos colocamos a dar "esmolas" aos pobres....ação da espiritualidade e amor, é diariamente e para despertar outros no caminho, caso contrário é muita falta do que fazer na vida e muita falta de amor ao próximo....
Quer fazer algo?
MUDE. Mas comece aqui e agora.
Não sairemos da 3ª dimensão para a 5ª na zona de conforto.

Rose Kareemi Ponce

19/10/2017














Nossos gatilhos pessoais e a coragem de enfrentá-los


Todos nós estamos vivendo processos de limpeza, purificação, conscientização e evolução, mas para isso precisamos compreender todos os elementos que nos paralisam e não permitem que subamos os degraus na evolução consciencial e acima de tudo, consciente.

Compreender esses gatilhos emocionais é parte absolutamente necessária e pessoal, sendo assim intransferível, ou seja, não temos entregar nas mãos de terceiros nossa evolução, sendo isso mais um dos véus das ilusões que nos colocam nos olhos, tornando-nos escravos e submissos dos conceitos e dogmas alheios. Muitas vezes inclusive, contrários ao que acreditamos mas, por puro comodismo nos deixamos ser guiados, as vezes por quem tem menos consciência do que nós. Cegos guiando cegos.

Cada vez que nos rendemos a esses gatilhos, damos forças a eles, tornando-os cada vez mais e mais e densos, fazendo com que fique a cada dia mais difícil de nos libertarmos da “gosma” que nos envolve e nos paralisa.

Não querer falar sobre a morte porque alguém da família morreu tragicamente, não afasta a morte de nós, simplesmente porque ela é tão natural quando a vida e ainda que não falemos dela, ela continua existindo. Quando temos algo que nos prende, precisamos falar e olhar para esse algo, ou nunca encontraremos a fechadura para que a chave do nosso despertar possa abri-la.

Quando me rendo ao medo de enfrentar um gatilho seja ele qual for, vou alimentando e fortalecendo esse gatilho.

Não querer olhar para a dor não a faz ir embora, aliás faz com que ela se torne uma inimiga e cresça, transformando-se em sofrimento, o que permanece até que enfrentemos de frente o que nos machuca, acolhendo nossa dor, fazendo com que ela se acalme e aos poucos desapareça e juntamente com ela, o sofrimento causado pela negação.

Os gatilhos existem para nos lembrar de algo que ainda está com raízes em nós e nos chama atenção, como um enorme sino dos ventos que a menor brisa, vai soar, lembrando-nos que a música da vida sempre acontece. Quando o gatilho surgir, seja em emanação de dor, raiva, angústia, tristeza, não vire de costas para ele, observe-o, sinta-o e perceba onde e o que faz esse gatilho ser acionado, pois a “arma”, está sempre apontada para nossa cabeça. A morte será inevitável...a alma cansa e desgasta o corpo, o coração, a mente....observar onde nasce esses gatilhos nos torna curadores de nós mesmos, e abrimos a porta para que a luz penetre nossos cantos escuros e essa morte seja apenas um rito de passagem quando subirmos mais um degrau, livres de dores, tristezas, carregando apenas e tão somente as experiências e sentimentos leves dentro do peito.

Que os gatilhos se mostrem e que tenhamos a “cor-agem” (dar cor à ação) de olharmos eles dentro dos olhos e dizermos: Eu Posso!



Um dia repleto de cor-agem para nós!




Rose Kareemi Ponce

05/10/2017




Não queremos uma vida veloz!


As pessoas ainda nos cobram nossa escolha de uma vida em marcha lenta. Slow motion total!
Quando estamos em casa, não temos relógios, tudo acontece no tempo da alma, do corpo, o tempo não é contado pelo tic tac dos relógios, mas pelo tum tum dos corações!
Amamos a noite, mas somos enquanto aqui, absolutamente solares!
Trabalhamos em casa, e sempre paramos para uma cafézinho, maridão pita seu tabaquito, sentados embaixo da mangueira, ouvindo o canto dos pássaros, enquanto puxamos um assunto qualquer!
Aqui o tempo passa, ainda que desesperadamente rápido por si só, nossos ponteiros funcionam meio que no tempo de "Alice"...e o coelho está sempre por perto, apontando caminho para alguma novidade, algum novo texto, idéia...enquanto uma filhota curte o ventre que gera uma vida e a outra conversa e conta seu dia!
Aqui vivemos em outra dimensão. Quem entra, percebe o túnel do tempo...mas nem todos entram. Uns por não darem conta, outros por não se sentirem convidados. Aqui, o espaço é pra poucos. Nosso sagrado espaço. Nosso Tekohá!
Aqui vivemos no nosso tempo, com os corações que agregam aos nossos, com risos diários, com abraços apertados, com olhares sinceros, com brigas também, mas que não duram, pois o amor sempre vence e quebra as paredes!
Aqui, vivemos com santos, anjos e bruxas, com budas, velas, incensos, perfumes. Aqui há japamalas, terços, rosários, maracás, petyngua, chanupá, rapés...santa marias e a madrecita!
Aqui vivemos com a paz em nós e o amor a flor da pele!
Aqui tudo é slow motion...no tempo do nosso coração!
Aqui há sempre um perfume no ar...um café fresquinho no coador de pano saindo, uma erva queimando, uma resina soltando perfume e protegendo...
Aqui, há sempre mesa farta, o amor compartilha vida!
Aqui...a vida vive o amor!
As cobranças, batem e voltam!
Já encontramos nosso canto, daqui não saimos não!


Rose Kareemi Ponce

02/10/2017



Ando de saco cheio.
Saco cheio de gente que por ter uma opinião sobre algo, pensa que sua opinião é melhor e mais sábia do que a dos outros.
Saco cheio de gente que só abre a boca pra julgar e faz de suas palavras, armas que machucam tanto quanto uma bomba atômica dentro do peito.
Saco cheio das etiquetas alheias..tudo deve ser classificado, quantificado e nomeado, senão não cabe nos padrões dessa gente.
Saco cheio do excesso de moralismo assim como da hipocrisia.
Saco cheio de gente que só sabe "ser" sob as palavras de outrem, mas não caminham com as suas próprias.
Saco cheio de gente sem cor, de olhos que enxergam a vida em preto e branco e assim desejam que todos sejam.
Saco cheio de mim mesma até, quando me descuido e me permito romper essas linhas tênues entre a paz e a guerra...e me faço tormenta.
Saco cheio do mundo que quer mudar, mas não se mexe, esperando a mudança no outro.
Saco cheíssimo das religiões, todas separatistas, que nada religam, apenas criam castigos, medos, culpas, vergonhas....
Saco cheio das intrigas, das fofocas.
Saco cheio da falta de respeito, ainda quando dizendo caminhar no amor.
Saco cheio.....das meias verdades e de pessoas metades.
Saco cheio....


Rose Kareemi Ponce