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31/05/2018









Sentei a beira da estrada
observei as rodas frenéticas que passavam sem ao menos saber o destino que seguiam.
Tentei compreender a pressa dos motores e a angustia dos motoristas, em suas buscas frenéticas pela velocidade. O tempo sendo contado em quilometros por hora.
Não compreendo o rodopio das mentes e o vazio dos corações, que buscam, buscam, buscam...sem nada encontrar.
Fora, lá fora, dizem eles famintos de algo que nem sabem exatamente do que.
Apenas têm fome.
A alma faminta, seca.
O corpo sedento, seca.
Sentada a beira da estra, observando a angustia nos olhares.Só veem placas, radares...
O bater dos corações já não ecoam com o coração da Terra. Andam sobre pneus de borracha, e, quando com seus pés no chão, estão sobre solas também de borracha.
Ouvem no rádio noticias falsas, como o perfume barato que compram, imitando o da estrela da vênus platinada.
Seguem famintos....secos...
Seguem sedentos...secos.
Esperança e confiança são palavras esquecidas no dicionário que ficou guardado na gaveta, junto ao livro que antes servia de alento. Hoje serve como o novo ditador.
Ah!!!
Esse povo que corre e é alimentado por uma tela fria, com palavras mais frias e seres tão frios, que não sabemos se estão vivos, ou se apenas sobrevivem.
Tempos difíceis esses...
Sentada a beira da estrada, de repente o silencio dos motores. Chegam passos. Mais passos. Mais passos.
Não sinto corações pulsando, sinto medo.
O medo vestido de verde amarelo, pede o verde oliva para contemplar a vida.
O verde oliva que não vive. Mata.
O medo vestido de verde amarelo, encontra o cinza. Que mata.
A angustia segue com cheiro de gás.
Lágrimas.
Gritos.
Sentada a beira da estrada, observei que a velocidade dos automóveis, suas rodas, não alcançam a velocidade do medo.
O medo que assola, que arranca a pela, que se pendura no pau de arara.
Sentada ali...percebi, que meu mundo é menos rápido, mais silencioso, descalço....mas há um vazio de tempo, de relógios, de carros, de borrachas...inclusive as balas.
Sentada ali percebi que estar é temporário.
Levantei.
Fui.
O silêncio e a calma voltaram.
Lá....o cinza e o verde oliva se misturavam ao verde amarelo...
Aqui...mil cores.
Sem balas.
Sem pressa.
Sem gritos.


Rose Kareemi Ponce

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