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22/05/2018



Um manifesto sobre RESPONSABILIDADE

Quando nos dizemos loucas, indomáveis e selvagens, não estamos dizendo com isso que somos irresponsáveis. Longe disso.
Responsabilidade é o que nos move, respeito é nossa régua de caminhada.
Não há a menor possibilidade de ser uma mulher de medicina, quando não compreendemos a profundidade dessa caminhada e onde estão as pedras que permeiam esse caminho. Muitas vezes para caminhar, precisamos estar atentos e sendo rastreadores dos obstáculos. Nem todos se apresentam claramente. Mas, isso apenas o caminho e o caminhar por tempos e tempos, nos ensina sobre isso.
Precisamos ter muitas pegadas atrás de nós, marcadas na jornada, com os desenhos das dificuldades, dos desafios, das bênçãos, dos mestres. Para compreender os desenhos que são deixados por nossos mestres e por nós mesmos, precisamos de tempo para aprender, para sentir, ouvir. Precisamos de humildade acima de tudo, pois o caminho do aprendiz leva anos e muitos não querem esse degrau do aprendizado, do caminho. E já pulam para a mestria, para ensinar o que não se teve paciência para aprender.
Estamos vivendo muito forte essa fase com as pessoas que caminham nas medicinas. Sejam elas ayahuasca, cerimônias do feminino sagrado, do encontro com o amor divino, da benção....muitos estão apenas copiando histórias, “colando” como se faz nas escolas e não aprendendo, mas com respostas prontas para tudo, sequer percebem que as respostas são individuais e que as minhas não respondem questionamentos de outros, ainda que as questões sejam muito próximas. Isso tem resultado em surtos, demandas, quedas profundas em abismos construídos pelo ego inflacionado pelo poder. Sim, o poder que as pessoas pensam que terão ao serem mestres de algo. Não compreenderam nada do caminho. Não por acaso, afinal para se compreender, precisa estar disposto a ficar na posição aprendiz, deixando de lado o ego e as respostas prontas, deixando de lado o “eu já sei”, porque essa frase impede de mergulharmos profundamente e com isso vamos ficando nas superfícies, beiradas, margens...
Há muitos seres hoje que estão se colocando a realizar toda sorte de iniciações, quando a única que teve foi a auto-iniciação.
Mal sabem que em um caminho de ancestralidade não há auto-iniciações. Há uma hierarquia a ser respeitada, uma Lei Maior e uma Justiça Divina que estão guiando os passos e cuidando de seus filhos que caminham dentro do correto.
Estamos em um momento onde precisamos caminhar e buscar cada vez mais a Verdade como âncora e como escudo.
Não há verdade em caminhos copiados sem respeito e dedicação.
Dedicação de anos de estrada, de ouvidos atentos, de escrita e leitura. Anos de chão, na postura aprendiz.
Dedicação a verdade maior. Dedicação de servir.
Muitos estão se equivocando ao ouvirem o chamado para o caminho. Estão ouvindo com o ego e dessa forma, sentem-se chamados para serem mestres e passam por cima de etapas que os fortaleceriam, os preparariam e os ensinariam com quais seres, guias, mestres espirituais estarão sendo ancorados, firmados e quais armas terão para proteção de sua alma e das almas do clã que estão formando a partir de sua energia. As pessoas não estão compreendendo que cuidar de uma egrégora, requer muito cuidado. É território sagrado.
Estão a brincar com as almas dos que chamam irmãos. Estão a brincar com vidas, inclusive com a própria, já que ao cair nas sombras, ficarão perdidos e achando estar sendo castigados ou recebendo demanda alheia. Não compreenderão tão facilmente que a única demanda recebida é a da falta de respeito às Leis Universais, ao caminho e aos que nos iluminam nessa jornada.
Caminhar na mestria é antes de tudo conhecer a si mesmo e aos limites internos, não pode ter ruídos do ego. Esse barulho interno, essas vozes que nos dizem que podemos que está na hora de sermos mestres, de guiar almas, é o ego que grita para ser mais do que damos realmente conta e maior do que precisamos ser no momento.
Caminhar na mestria é caminhar no amor.
Amor é respeito.
Respeito é saber limites e impor esses limites a nossa mente para que não sejamos a exata figura que tanto nos aprisiona, nosso espelho.
Temos tido cada vez mais pessoas surtando, entrando em crises por conta dessas vivências, dessas cerimônias.
Não, a culpa não é da ayahuasca, do rapé, do benzimento, do rezo.
A culpa não é da missa, do culto, da gira.
Primeiro a responsabilidade é de quem está assumindo uma posição sem estar preparado para isso, sem conhecer profundamente os fundamentos de cada caminho e cada escolha, assim como seus mestres e guias, assim como as pedras que existem e que são mestres no caminho.
A responsabilidade é de cada um de nós que está despertando. A responsabilidade é de não fazer o que não se conhece apenas por pensar-se pronto. A responsabilidade é de quem não busca saber com quem está participando e quem está guiando. A responsabilidade está nas duas pontas da mesma linha, mas, a responsabilidade MAIOR está em quem quer ser mais do que está pronto, sem conhecer os buracos sombrios de cada medicina, vivência, surto e/ou peia. A responsabilidade está na alma que se diz pronta.
Estamos todos em construção, o que difere um ser do outro é: Um mestre sabe que não está pronto e que não sabe todas as respostas e, um aprendiz pensa estar pronto na primeira resposta que recebe do universo e sente dominar todas as outras.
Precisamos TODOS assumir parte da responsabilidade no caminho espiritual e de desconstrução e construção de pessoas. Ou teremos breve, filas nas salas psiquiátricas por pura falta de respeito de muitos de nós.

Que possamos todos, ter isso como rezo diário e por favor, simplesmente parem.
Assinamos abaixo:

Rose Kareemi Ponce - Amoração/Bentos do Brasil
Carla Menegaz ( Flor Del Sur)
Babi Surati Kiliam Farah - Florescer da Curandeira
Karenn Mirpa Nhusta Manta - Clã Sacerdotisas da Terra
Clau Sbano - Instituto Presença Sagrada
Isis de Sirius - O Caminho da Serpente (Portugal)
Adriana Moreira
Prem Samit Janaina Benke - Awakening Center
Mila Dias - Filhas de Afrodite
Gisele Setznagl
Jordana Foiatto - Circulo das Deusas
Carol Shanti - Xamanismo para Mulheres
Caroline Mottin Hamlach - Casa Florescer
Barbara Schrage - Viva Alecrim - Terapia alternativa
Mirhyam Conde Canto - Espaço d´Luz e Paz
Sathya Dhara Yaga - Terapeuta Espiritualista
Isabel Angélica - Terras de Lyz & Árvore da Lua (Portugal)
Elaine Miragaia - Mandalas de Gaia
Magali Bomfim - Terapias Integrativas
Julia Larotonda - Juliaro Arte
Gloria Cristina Reis - Oracurando
Goretti Melo - Consciência do Feminino. Recife/Pernambuco.
Izabelle Barros Barros - terapeuta
Paola Mallmann de Oliveira - Conselho Indigenista
Cris Machado - Clã Guardiãs do Sagrado Feminino.

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