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14/06/2018






Parir um conto é como parir um filho.
Não engravidamos da inspiração quando queremos apenas, precisamos juntar o querer, com umas pitadas de inspiração, uma porção de emoção, deixar a alma vazia para o aprendizado, o frontal aberto para "ver" as palavras que chegam, juntar todas elas, chacoalhar, para sentir a catarse do orgasmo chegando e então sentir-se grávida. As palavras que chegaram precisam ser organizas em seus devidos lugares, cada pedaço, cada tom precisa ser sentido, cada significado...assim cria-se o corpo, mas ainda falta encaixar a alma. Permitir que as Musas tragam pelas mãos o espírito mágico que dará vida a todo aquele emaranhado de idéias, sentimentos, emoções...permitir que tenha brilho por si só e que esse brilho seja permanente a partir de então em nossas vidas.
Então, após as Senhoras da inspiração abençoarem com sua luz, toda criação, ela está pronta para ser parida, desenhada em papel, com os hieroglifos dos tempos atuais, usando símbolos atuais, roupagens de agora.
E num inundar das mais profundas e cristalinas águas, as palavras escoam pelos canais e coroam a boca do céu, trazendo a tona o ser que nos acompanhou tão profundamente durante o tempo necessário para ser parido.
Num grito que nasce das profundezas da alma, percebemos que estivemos em um aprendizado, sendo iniciadas no infinito, direto da fonte, onde as águas transparentes geram palavras sagradas.
Parir um filho é reencontrar a força da vida.
Parir um texto, é aprender como dançar essa força!
Parir um conto é ser instrumento das Musas!
Amo escrever!


Rose Kareemi Ponce

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