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20/11/2018


A mulher selvagem

Toda mulher que não se domesticou e mantém-se em harmonia com sua essência é uma mulher livre.
Livre das etiquetas que a sociedade lhe impõe.
Livre para correr pelas pradarias e florestas pisando descalça pelos terrenos que a ensina a conhecer sua jornada.
Percebe espinhos, perfumes e cores.
A mulher selvagem voa junto aos grandes gaviões aprendendo a observar a vida atentamente, rastreando como a onça os inimigos e os alimentos para que sua alma cumpra seus contratos. Vive a magia da sutileza ao felinamente se espreguiçar a beira rio, se encantando com sua própria figura delineada pelo sol e sombra, sabendo que são partes de si mesma.
A mulher selvagem tem nos olhos os ensinamentos da coruja, que aprende ao observar a noite escura sem medo e é senhora absoluta de si.
A mulher selvagem tem a força dos grandes mamíferos, que pisam firme sobre a terra.
Ela é também a dançarina da noite e uiva, qual loba espreitando a lua.
A mulher selvagem vibra com as ervas que encontra e se cobre de proteção e rezos.
A mulher selvagem não guerreia pois tem a certeza de que tudo acontece na colaboração de todos os seres.
A mulher selvagem rola feito felina que é no orvalho que repousa nas folhas, e faz disso sua medicina.
A mulher selvagem solta os cabelos e neles guarda as memórias dos dias já vividos mantendo assim sua força.
A mulher selvagem quando necessário, trança os mesmos cabelos prendendo a tristeza e no alto da colina os solta, pedindo ao vento que leve embora ao mais longínquo tempo, deixando apenas as lições aprendidas.
A mulher selvagem não é de todo brava nem de todo calma. É a exata medida do que pede sua alma desperta. Se precisar rugir, vai rugir. Uivar, vai fazê-lo, e saberá docemente cantar como os sabiás laranjeira nas primaveras floridas. A mulher selvagem se multiplica em muitos assim a jamais perder-se de quem é.
A mulher selvagem pinta a face e dança na fogueira...entrega ao sagrado fogo o que precisa transmutar, e não se sente vazia com isso. A plenitude a chama a cada respiração.
A mulher selvagem é a exata medida do desvario. Sem medo ou culpa por sua inconstância...feita de fases, sabe-se um ser não linear, e se honra por isso.
A mulher selvagem olha de frente, e quem sustenta seu olhar encontra constelações de amor dançando em sua íris. Ou se entrega, ou foge com medo de sua intensidade.
A mulher selvagem dança com lobos e caça com as onças, nada com os botos, voa com os gaviões e condores, hiberna com os ursos, brinca com os beija flores, serpenteia sua veste e se esconde por entre as folhagens...a mulher selvagem é tudo o que ela se permite ser.
A mulher selvagem aprende e compartilha o que sabe, fortalecendo as companheiras de jornada.
A mulher selvagem encontra seu lugar de poder e ali faz morada, mas não constrói muros, eleva pontes. Se faz elo.
A mulher selvagem apenas É, sem nada precisar provar.
A mulher selvagem tem um pouco de Isis, de Madalena, de Maria, de Iara, de Jurema....e nessa mistura encontra muito dela mesma!!

Rose Kareemi Ponce

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