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24/08/2018


Algumas pessoas têm me perguntado como e porque comecei esse caminho, me vendo como iluminada e especial.

Não sou.

O caminho começa quando temos a coragem de olhar para nós mesmos de frente, sem julgamento, auto-importância, medo, mas, acima de tudo sem culpa ou vergonha.

Foi assim, quando olhei para mim e percebi que eu estava semeando a mesma dor, desatenção, desunião, comportamentos nocivos, falas agressivas e tantas outras sombras que eu projetava estavam registradas em mim, feito tatuagem, com a única diferença que eu mesma poderia retirar esses registros de minha camada energética apenas aceitando que essas características estavam em mim e que para mudar esses padrões de comportamento, eu precisava alterar minha visão sobre mim mesma. Eu não era a vitima, pelo menos não queria mais ser. Ninguém tinha culpa, eu havia passado por tudo o que precisava e que despertar para sair disso era uma escolha pessoal. E que se havia dor, ela estava sendo passada dos meus ancestrais para mim e despertar significa ter essa consciência para então poder mudar a mim, a única pessoa que posso mudar.

Quando me olhei de frente e observei em mim tantas sombras, marcas tristes que me fizeram chorar ao dar de frente com a pequena mulher que eu era. Pequena porque mentia, manipulava, entendia que relacionar-me era tóxico, portanto eu tornava ainda mais tóxica a relação, assim ao menos, eu não era a machucada, ou seja, eu machucava primeiro. Então percebi que eu não era essa pessoa. Eu não gostava disso, não queria ser mais isso, não queria mais ter essa visão de mim mesma e...resolvi fazer o caminho da beleza.

Não porque eu era linda, mas porque eu precisava recolher a feiúra que espalhei e revolver a terra, para poder semear a beleza que eu estava conseguindo ver pela primeira vez, em mim!

Fui abandonando cascas que me tornavam pesada a cada esquina virada e a leveza da alma foi se apresentando, pouco a pouco.

Deixei o passado lá onde ele deve ficar, no passado, limpei as gavetas, armários empoeirados de minha alma para guardar apenas os momentos felizes, iluminados, de acolhimento. Esses me faziam ficar em paz comigo e com todas minhas relações.

Precisei ver a beleza dentro de cada ser que me machucou, para que eu pudesse curar minhas próprias feridas. Todos temos um lado amoroso e delicado e, é essa imagem, que guardo em mim de todos os que cruzaram meu caminho. Mesmo os que me feriram. Eu também feri muitos seres. Era essa lembrança de mim, que me permitia perdoar os que me rodeavam e a mim mesma. Somos todos aprendizes, em maior ou menor grau, estamos todos aqui para abandonar padrões, curar feridas, evoluir, servir e com tudo isso, nos divertir.

Quando decidi caminhar o caminho da beleza consciente de que semear as flores da delicadeza é missão de cada um de nós, apaguei as pegadas passadas de minhas sombras e me permiti mudar os sapatos e assim, mudei também as marcas dessas pegadas. Deixei de lado as ferraduras que usava para “me defender” e comecei a usar pantufas, para pisar em solo sagrado: os corações de todos os irmãos!

Botar atenção em nós mesmos, compreendendo o que fazemos, ao invés de botar atenção no outro, colocando culpa e responsabilidade nos outros, ainda que tenham nos machucado, não muda nosso padrão. Quando observei isso, percebi o outro sou eu mesma, somos absolutos reflexos uns dos outros. Se eu não me curo, atraio apenas doentes que irão me entregar apenas o que têm: dor, desatenção, mágoas... Quando me permito entrar no processo de sanar minhas dores e vitimismos, atraio energias em sintonia com a minha.

Caminhar o caminho da beleza é lindo e poderoso, mas para adentrar esse caminho, precisamos ter a humildade de olharmos para nosso reflexo mais nu e cru, nossa imagem mais feia, fria e sombria, somente dessa forma conseguimos podar as sombras, colocá-las em seus devidos lugares para dar espaço para a luz fazer morada e nos dar de presente, sementes perfumadas para plantarmos nos corações.

Isso não nos torna iluminados, mas jardineiros conscientes de que deixamos as ervas daninhas tomar conta muito tempo de nosso sagrado espaço e que essa é a hora de florescer, junto com o caminho!

Se você sentiu esse chamado....mergulhe. Com respeito, honra e verdade.

Ao escolher esse caminho, a mentira, o julgamento e a maledicência, devem ficar do lado de fora e os pés, precisam estar descalços em rendição.

Esse é um caminho de rendição!

Escolha e viva!



Rose Kareemi Ponce

Um comentário:

  1. Uau! Percebo nunaces do seu caminhar no meu. E como é difícil quebrar alguns padrões! Justamente quando deixamos de atentar o caminho e o caminhar é quando caímos em alguma armadilha e julgamos ou apontamos dedos... Sigamos com amor, fé, dedicação e atenção. Sempre!

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